A poucos dias da convenção em que oficializará a entrada na corrida pelo Palácio do Planalto, na quarta-feira, o pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, ainda não definiu quem será seu vice e segue sem partidos aliados na disputa eleitoral. Diante deste cenário, a sigla vai adiar o anúncio do companheiro de chapa para depois do evento partidário. O objetivo é ganhar tempo e insistir na tentativa de usar a vaga para atrair legendas, mesmo que pequenas, à coligação. Porém, caso a tentativa de acordo permaneça frustrada, a campanha já admite uma “solução caseira”, isto é, alguém do próprio PDT ocupando o posto.
O caminho trilhado é semelhante ao de 2018, quando o PDT comunicou no último dia do prazo das convenções que a vice seria a senadora Kátia Abreu (PP-TO), na época filiada ao partido. Na ocasião, a sigla aliou-se apenas ao Avante na eleição à Presidência.
Enquanto ainda nutre a expectativa de angariar apoios externos, o PDT prefere não se restringir a um perfil específico de vice, para não limitar as opções. Porém, quando olha a questão internamente, a situação é outra, e o partido deve indicar uma mulher.
Dois nomes do PDT já foram ventilados para a chapa de Ciro: a senadora Leila Barros (DF) e a ex-reitora da Universidade de São Paulo (USP) Suely Vilela. A parlamentar foi procurada por uma ala da legenda no final de junho, mas deixou claro que prefere concorrer ao governo do Distrito Federal.
Suely, por sua vez, se filiou ao PDT em março. Ela foi a primeira mulher a ser indicada à reitoria da USP, cargo que ocupou de 2005 até 2009. Depois, entrou no PSB e tentou uma vaga de deputada estadual em 2018, mas não se elegeu. Dois anos depois, foi derrotada no segundo turno da disputa pela prefeitura de Ribeirão Preto, no pleito vencido por Duarte Nogueira (PSDB).
Os dois nomes, porém, sofrem resistência de alguns pedetistas, que acreditam que Leila seria mais importante em garantir um palanque a Ciro no DF. Essa mesma ala afirma também que Suely é ainda desconhecida no cenário nacional e, por isso, não ajudaria a atrair votos ao pré-candidato.
De acordo com lideranças da legenda, o cenário ideal para o partido seria atrair o PSD para a vice. Aliados de Ciro aguardam ainda uma resposta oficial do partido de Gilberto Kassab. O dirigente partidário, porém, anunciou na quinta-feira que vai propor que a sigla adote a neutralidade — no plano pessoal, a tendência é que Kassab declare voto no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno.
Outro partido na mira do PDT é o União Brasil, dono da maior fatia do fundo eleitoral e sigla com mais tempo de TV. O presidente da legenda, Luciano Bivar, porém, é pré-candidato ao Planalto e já sinalizou a interlocutores que não tem interesse em um acordo com Ciro. Integrantes da cúpula do partido avaliam que o pedetista, que concorreu à Presidência outras três vezes (1998, 2002 e 2018), já atingiu o teto eleitoral e não tem chances de ultrapassar esta barreira — na pesquisa Datafolha de junho, ele aparece com 8% das intenções de voto, atrás do presidente Jair Bolsonaro (PL), com 28%, e de Lula, com 47%.
A assessoria de Ciro argumentou que ainda é cedo para a definição, disse que o PDT tem “vários bons nomes” e que a escolha será feita no fim do prazo, dia 5 de agosto.
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