Lula em pronunciamento
Reprodução/Facebook Lula - 19.01.2022
Lula em pronunciamento

Os  partidos que compõem a aliança em torno da pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concluíram ontem as discussões sobre as diretrizes do programa de governo da chapa. Com o objetivo de evitar desgaste com o eleitorado fora do campo da esquerda, houve recuo em temas polêmicos, alterações de redação para afastar fantasmas ligados a velhas bandeiras petistas e adoção de metas consideradas ousadas em certas áreas.

Depois de um mal-estar provocado pela divulgação de uma versão preliminar do documento elaborado pela Fundação Perseu Abramo, o braço teórico do PT, os representantes das sete legendas (PT, PCdoB, PV, PSB, Solidariedade, Rede e PSOL) analisaram 124 emendas. A redação final ainda deve ser aprovada numa nova reunião e submetida a Lula e ao vice Geraldo Alckmin (PSB). Só depois disso será divulgada.

Um dos exemplos de concessão foi a inclusão da valorização dos policiais como um dos pontos das propostas para a área de segurança. Também houve recuo na retirada da palavra “revogação” completa da reforma trabalhista feita no governo Michel Temer. Por fim, foi acertado que o item sobre o acesso à informação ganhará uma nova redação para que não haja dúvidas sobre o compromisso da candidatura com a liberdade de imprensa. A regulação dos meios de comunicação é uma bandeira histórica do PT.

Meio ambiente

Por iniciativa da Rede, do PV e do PSOL, foi incluído no documento o compromisso com o desmatamento líquido zero, uma meta ousada que não foi alcançada durante os governos petistas e que leva em consideração o saldo entre a vegetação derrubada e as áreas reflorestadas no país.

Apesar de os governos de Lula terem conseguido reduzir o desmatamento na Amazônia após um início negativo em preservação, houve questionamentos sobre o compromisso real com a causa da sustentabilidade, que resultaram inclusive na saída de Marina Silva do comando do Ministério do Meio Ambiente, em 2008. Mesmo que a Rede faça parte da aliança petista agora, a ex-ministra ainda não declarou apoio ao ex-presidente.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que o desmatamento na Amazônia Legal durante os governos petistas teve uma forte alta em 2004, com 27,8 mil quilômetros quadrados de mata derrubada. Houve uma queda intensa depois. Em 2012, atingiu o nível mais baixo da série histórica, com 4,8 mil quilômetros quadrados. Em 2016, foram 7,9 quilômetros quadrados. Na gestão Jair Bolsonaro, em 2021, o índice foi de 13 mil quilômetros quadrados derrubados.

Em aceno à pauta de incentivo econômico, Lula defendeu ontem em entrevista ontem à rádio Vitoriosa, de Uberlândia, mudanças na política de financiamento do BNDES. Ele quer que a estatal priorize pequenas e médias empresas em detrimento das grandes para criação de empregos e geração de riqueza.

Para o petista, o BNDES precisa voltar a ser um “banco de desenvolvimento de verdade”, e o governo deve incentivar a construção de cooperativas. Apesar de as gestões petistas terem expandido o microcrédito, também houve a política de “campeões nacionais”, que privilegiou o empréstimo a grandes empresas e gerou críticas no setor econômico.

Mudanças e acenos na pré-campanha de Lula

Policiais

Num gesto às forças de segurança, foi incluída a “valorização dos policiais” como política de segurança pública. Em abril, Lula precisou se desculpar com a categoria depois de dizer que “Bolsonaro não gosta de gente, gosta é de policial”.

Reforma trabalhista

Houve a retirada da “revogação completa da reforma trabalhista” aprovada no governo Temer. A nova redação enfatizará os itens de uma nova lei, além de tranquilizar o mercado e o empresariado.

Meio Ambiente

Está previsto o compromisso de alcançar o desmatamento líquido zero — o saldo entre a vegetação derrubada e as áreas reflorestadas. Apesar dos governos petistas terem reduzido os desmatamentos, houve questionamentos sobre a falta de ações de sustentabilidade.

BNDES

Lula quer priorizar o financiamento de pequenas e médias empresas em detrimento das grandes. Nas gestões petistas, além do microcrédito, também houve a política dos “campeões nacionais”.

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