O ex-procurador da República e pré-candidato à Câmara dos Deputados, Deltan Dallagnol (PODE-PR) lançou, nesta segunda-feira, uma vaquinha eleitoral para os custos da pré-campanha. No site do financiamento coletivo, ele cita a defesa do "direito de o cidadão ter arma em casa para defender sua família" como uma das bases de sua futura plataforma política. Além desta bandeira, o antigo relator da Lava-Jato fala sobre modificar o sistema eleitoral brasileiro e culpa o Supremo Tribunal Federal pelo retrocesso na corrupção.
Ao usar a operação como case de sucesso, ele pede doação para a campanha para "vencer os corruptos poderosos" que estariam descontentes com sua pré-candidatura. A meta da vaquinha é arrecadar 300 mil reais. Até a data desta publicação, R$ 24.089 foram doados por 256 contribuintes.
No vídeo publicado em seu Instagram, o pré-candidato pede ajuda dos apoiadores da Lava-Jato e se apresenta como solução para o combate à corrupção. De acordo com ele, "o Congresso tem falhado em fiscalizar o Supremo Tribunal Federal, em acabar com o foro privilegiado e em reestabelecer a prisão dos corruptos".
- Num passo de fé, eu deixei a minha carreira de 18 anos de Ministério Público, abrindo mão de muito para lutar contra a corrupção no Congresso Nacional, que é onde o mecanismo da pode ser realmente enfrentado - afirmou na gravação.
As normas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizam o financiamento coletivo a partir do dia 15 de maio e, por isso, Dallagnol pode usar os recursos para a campanha.
"Vou trabalhar para"
Além do porte de arma e o debate acerca da corrupção que envolve o descontamento com o STF e a defesa da Lava-Jato, na sessão de medidas que o ex-procurador pretende fazer, caso seja eleito ao Congresso, consta o combate ao crime organizado, o fortalecimento na segurança pública e a aprovação das reformas política, tributária, administrativa, educacional e do Judiciário.
Em relação ao processo eleitoral, Dallagnol busca extinguir ou reduzir o "fundão" eleitoral de R$ 4,9 bilhões e "melhorar o sistema", com a implementação de regras "simples, claras e eficazes", além de reduzir o custo de campanhas, o número de partidos e garantir candidaturas independentes.
Na pauta da inclusão, ele defende os direitos das pessoas com deficiência e a criação de uma política pública nacional que possa garantir o tratamento intensivo e precoce para autistas.
Powerpoint e "vaquinha espontânea"
Em março deste ano, Deltan Dallagnol foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça a pagar uma indenização de R$ 75 mil ao pré-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por danos morais. Em 2016, ele fez uma apresentação de Powerpoint em que colocou o ex-presidente como chefe de uma organização criminosa. De acordo com o ex-procurador, após a decisão da Corte, ele recebeu 12,7 mil doações espontâneas em menos de uma semana que somaram R$ 575 mil, o que chamou de “vaquinha espontânea”.
Em entrevista ao GLOBO, ele disse que recebeu “um pix a cada 15 segundos” de todas as partes do Brasil. “Se me perguntassem, ia falar para não doar. Ficaria constrangido, não faria uma vaquinha. Imagino que pessoas pegaram meu CPF na internet e começaram a fazer pix”, disse o ex-procurador à coluna da Bela Megale. Na ocasião, ele pediu o cancelamento de sua Chave Pix e afirmou que iria doar a quantia para hospitais e instituições filantrópicas.
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