Pré-candidata do MDB à Presidência, a senadora Simone Tebet (MS) é considerada por colegas um caminho para frear o bolsonarismo interno no partido. Segundo fontes do MDB ouvidas pelo GLOBO, hoje há uma tendência majoritária na sigla de apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro (PL), sendo a ala lulista, composta por parlamentares como o senador Renan Calheiros (AL), uma minoria restrita ao norte e nordeste do país.
Nesse contexto, dizem membros da cúpula do partido, a aprovação do nome da senadora nas convenções partidárias de agosto seria uma forma de “neutralizar” o bolsonarismo dentro do MDB e ainda manter o mínimo de unidade na legenda, que sem Tebet pode chegar mais dividida à disputa presidencial de outubro.
Dirigentes também avaliam que ter uma candidatura própria seria benéfico a estados como Bahia, onde o ex-prefeito de Salvador ACM Neto tenta se manter como isento, mas aposta no voto “LulaNeto” para ganhar a eleição. Tebet, que não é ligada a Lula ou Bolsonaro, seria um nome que não compromete o ex-prefeito com o eleitorado.
'Terceira via'
Depois de o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, deixar as negociações para uma candidatura única da chamada terceira via, Tebet caminha para formar uma chapa junto ao PSDB, cujo candidato, hoje, é o ex-governador paulista João Doria.
A composição com o tucano, no entanto, é vista como pouco provável pela campanha da senadora. Ela acredita que o nome de Doria não será aprovado pelo próprio partido.
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Pessoas próximas à senadora ainda culpam o tucano pela saída de Bivar, que, desde o começo do mês, queria Doria fora da disputa pela vaga da terceira via.
Dizem auxiliares de Tebet que Doria dificultou a negociação ao impor seu nome e ameaçar uma judicialização caso fosse substituído pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, derrotado nas prévias do partido. O ex-governador é visto como um candidato inviável para fazer frente a Bolsonaro e Lula, já que cultiva uma alta reprovação nas pesquisas.
Também dificultam uma dobradinha Tebet-Doria as recentes declarações públicas do tucano sobre a senadora. Nesta quinta-feira, em sabatina promovida pelo UOL e a "Folha de S.Paulo", Doria admitiu poder ser vice da emedebista, mas disse que é preciso ter “o bom entendimento de que a prioridade é o Brasil” e que, por isso, não se “prioriza”. Tebet, por sua vez, tem repetido que não será vice de ninguém.
Há poucas semanas, a senadora fez gestos na direção do Leite, avaliado pela campanha dela, do ponto de vista eleitoral, como o melhor nome para vice, já que reúne atributos citados por eleitores em pesquisas.
Recentemente, ela ainda trocou afagos com o também pré-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT). Os dois mantêm uma relação “positiva”, mas que não avançou ainda por incompatibilidades partidárias.
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