A cerca de seis meses das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) acumula rejeição entre quase a metade dos eleitores nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, dois dos mais importantes colégios eleitorais do país. É o que aponta pesquisa do Datafolha, publicada neste sábado (9) pela Folha de S. Paul o, que mostra que 49% dos paulistas e 48% dos fluminenses consideram o governo atual como ruim ou péssimo, enquanto apenas 28% e 27%, respectivamente, veem a gestão como boa ou ótima. Por fim, 23% dos entrevistados em ambos os estados definiram como regular a condução no Palácio do Planalto até aqui.
Além da importância na corrida eleitoral, Rio e São Paulo também são importantes para o presidente por todo seu contexto político; nascido no interior de SP, Bolsonaro fez sua carreira no Rio e hoje tem os filhos representando ambos os estados em diferentes esferas do legislativo — Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal, Flavio Bolsonaro (PL-RJ), senador, e Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador do Rio na Câmara Municipal. Os dois estados também foram decisivos a favor de Bolsonaro na última eleição, em 2018, quando ele venceu Fernando Haddad (PT) no segundo turno; entre estes eleitores, teve 68% dos votos naquela ocasião, o que garantiu uma frente de 11 milhões de votos.
Índice diminuiu
Se o cenário se apresenta desfavorável ao presidente em São Paulo, no entanto, uma análise mais aprofundada dos números ajuda mostrar também que, em contrapartida, a rejeição era muito maior em setembro do ano passado, quando, com a pandemia ainda recrudescente, o governo via uma série de denúncias e suspeitas virem à tona durante a CPI da Covid; além disso, no 7 de Setembro, também protagonizou manifestações tidas como de cunho golpista. O levantamento, àquela altura, mostrava que 65% dos eleitores consideravam a gestão de Bolsonaro como ruim ou péssima, enquanto apenas 16% viam como boa ou ótima.
Aprovação maior entre evangélicos e classe média
Os dados da pesquisa também ajudam a traçar um perfil do eleitor que Bolsonaro tem ao seu lado hoje. Enquanto a popularidade do presidente continua caindo entre mulheres, pessoas com nível Superior e o público jovem — entre pessoas com 16 e 24 anos, apenas 12%, no Rio, e 18% em SP, definiram o governo como bom ou ótimo —, os números são acima da média quando analisados os eleitores com renda maior e, também, entre os evangélicos.
A pesquisa mostra que, em São Paulo, pessoas com renda familiar mensal de cinco a dez salários mínimos acumulam uma aprovação de 34% a favor do presidente — índice bem acima da média. Entre os evangélicos, a taxa é de 37% de aprovação nos dois estados.
No Rio de Janeiro, a aprovação a Bolsonaro cresce para 48% quando se leva em consideração eleitores do governador Cláudio Castro (PL). Entre os eleitores do prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), no entanto, a rejeição atinge 60%.
Em SP, eleitores de Fernando Haddad (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto, acumulam uma reprovação de 68% ao governo de Bolsonaro; entre os que reprovam o atual governado, de João Dória (PSDB), há aprovação de 39% à gestão do presidente.
A pesquisa do Datafolha foi realizada entre terça-feira (5) e quinta-feira (7) e ouviu 1.218 pessoas no RJ e 1.806 em São Paulo. A margem de erro, segundo o estudo, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, em SP, e de três pontos percentuais, para mais ou para menos, no Rio. No mês passado, pesquisa anterior já havia apontado que, em todo o Brasil, Bolsonaro acumulava uma avaliação de 46% para um governo ruim ou péssimo e de 25% para bom ou ótimo, um patamar parecido com o obtido nos dois estados do sudeste.