O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por mais 60 dias o inquérito que apura as declarações dadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em "live" realizada em 21 de outubro do ano passado. Na época, ele apontou uma ligação entre a vacinação contra a Covid-19 e o desenvolvimento da Aids, o que não é verdade.
O ministro atendeu a um pedido feito pela Polícia Federal no último dia 30. Na solicitação, a delegada da PF Lorena Lima Nascimento, responsável pelo inquérito, ainda pediu que Moraes peça ao Google o compartilhamento integral, em dez dias úteis, de cópia do conteúdo da llive realizada por Bolsonaro em outubro de 2021, já que o vídeo foi retirado pela empresa de suas plataformas — diante da constatação de que o conteúdo continha "fake news".
O ministro também autorizou que a PF "encaminhe ofício à empresa Google Brasil para que, no prazo máximo de (10) dias, lhe forneça cópia integral do conteúdo da “live” realizada pelo Presidente da República".
A decisão de abrir o inquérito foi tomada no começo de dezembro do ano passado pelo ministro, mas a investigação na PF começou apenas em fevereiro.
Quando determinou a abertura do inquérito, Moraes disse não haver dúvidas de que "as condutas noticiadas do Presidente da República, no sentido de propagação de notícias fraudulentas acerca da vacinação contra o Covid-19 utilizam-se do modus operandi de esquemas de divulgação em massa nas redes sociais, revelando-se imprescindível a adoção de medidas que elucidem os fatos investigados, especialmente diante da existência de uma organização criminosa".
Em sua live semanal de 21 de outubro de 2021, Bolsonaro divulgou uma notícia falsa segundo a qual relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugeririam que as pessoas completamente imunizadas contra a Covid-19 estariam desenvolvendo a síndrome de imunodeficiência adquirida (aids) "muito mais rápido que o previsto". O presidente não deu detalhes sobre a associação, sob a alegação de que poderia "ter problemas". Mas recomendou que seus seguidores lessem uma matéria sobre o assunto.
Em fevereiro, quando a investigação foi iniciada, a PF disse que iria transcrever o inteiro teor da transmissão ao vivo, além de identificar e pesquisar a confiabilidade dos sites que serviram de base para as informações replicadas por Bolsonaro, ou seja, "se existem relatos em outras fontes de informação sobre tais sítios serem conhecidos por transmitirem informações verdadeiras ou fake news".
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