O ministro da Educação, Milton Ribeiro durante balanço do Enem 2021
Valter Campanato/Agência Brasil - 29/11/2021
O ministro da Educação, Milton Ribeiro durante balanço do Enem 2021

Alvo de uma investigação da Polícia Federal instaurada para apurar a suspeita de favorecimento na distribuição de verbas da pasta que ele comanda,  o ministro da Educação, Milton Ribeiro, deve pedir licença do cargo até amanhã. A decisão deve ser tomada antes de quinta-feira, dia 31, data para a qual está agendado o seu depoimento à Comissão de Educação e Cultura do Senado para explicar as denúncias de que dois pastores evangélicos cobravam propina de prefeitos para ajudá-los a destravar verbas no ministério.

Pessoas próximas a Ribeiro dizem que ele está muito abalado com as denúncias e magoado com a falta de apoio de antigos aliados. Além da pressão do meio político vinda de líderes do Centrão, Ribeiro teria ficado abatido principalmente com os apelos de integrantes da bancada evangélica para que ele se afaste do cargo.

Na madrugada desta segunda-feira, um dos principais nomes da frente religiosa, o deputado Marco Feliciano (PL-SP), fez um pedido direto ao ministro para que se licencie da pasta, o que, segundo ele, vai estancar a "sangria" do povo evangélico.

"Quando o senhor precisou, em sua indicação, eu o defendi. Quando errou empregando esquerdistas, eu o repreendi. Hoje peço, por favor, se licencie até o término das investigações, pois nós, evangélicos, estamos sangrando. Sendo provada a inocência, retorne ao cargo", escreveu Feliciano em suas redes sociais. O que Feliciano falou explicitamente tem sido defendido nos bastidores por lideranças evangélicas, como o presidente da bancada, deputado Sóstenes Cavalcante, o pastor Silas Malafaia, e o ex-senador Magno Malta. Além disso, nenhum representante do segmento com expressão chegou a se manifestar publicamente em apoio ao mandatário do MEC.

Um dos principais padrinhos políticos de Ribeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça também tem se mantido distante de Ribeiro e o tratado com frieza - os dois são pastores da mesma denominação evangélica, a Igreja Presbiteriana.

Desde que o escândalo veio à tona, os líderes evangélicos passaram a defender uma espécie de "saída honrosa" do ministro. Por esse plano, ele deixaria a pasta para se defender e, se as investigações concluírem que ele é inocente, retomaria depois o posto. Nesse meio tempo, quem comandaria a pasta seria o secretário-executivo do MEC, Victor Godoy.

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