Na corrida para conquistar votos entre o eleitorado feminino e jovem, o PL preparou para este domingo, num evento inicialmente programado para ser o lançamento da pré-candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição, uma programação focada nestes dois públicos. São nestes segmentos em que Bolsonaro encontra seus piores índices segundo pesquisas de intenção de voto.
Levantamento do Datafolha divulgado nesta quinta-feira apontou que a rejeição do presidente alcança 60% entre as mulheres e 62% entre os mais jovens. Para tentar reverter o quadro, integrantes do comitê de campanha do presidente defendem, por exemplo, intensificar as aparições de Bolsonaro ao lado da primeira-dama, Michelle, para ajudar a suavizar sua imagem entre o eleitorado feminino. Michelle já começa a dar sinais de que irá para a linha de frente e nas últimas semanas participou de eventos do partido.
"O PL vai apostar na participação das mulheres, há mais de um ano estamos atraindo e preparando as mulheres na política", afirmou o deputado Capitão Augusto, vice-presidente Nacional do PL.
No último mês, Michelle participou de atos de filiações ao partido. Entre elas, a das amigas Amália Barros e Marcela Passamani, que é secretária de Justiça e Cidadania do DF e deve concorrer a uma vaga na Câmara Legislativa local. As aparições da primeira-dama têm sido destacadas pela comunicação do PL nas redes sociais.
Enquanto isso, Bolsonaro investiu num campo mais popular. Ao longo do mês de março, mês da mulher, o presidente convidou semanalmente uma mulher do governo para falar de iniciativas da gestão voltadas para o público jovem e feminino na sua tradicional "live" de quinta-feira. A última a participar foi a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves.
A titular da pasta, inclusive, é uma das apostas de Bolsonaro nas urnas em outubro. No próximo dia 31 ela anunciará o estado e o cargo que concorrerá. Damares chegou a comunicar a Bolsonaro a desistência de entrar na disputa eleitoral, mas voltou atrás, segundo ela, por determinação do próprio presidente.
"Eu havia desistido, mas hoje (ontem) o presidente voltou a dizer que me quer candidata. Acho que não vou mais desistir, não sei. Pessoalmente não tenho intenção de ser candidata. Mas já percebi que faz parte de um projeto maior. Quem decide é o capitão, e ele quer (a candidatura)", disse Damares, que avalia uma candidatura ao Senado pelo Amapá ou a deputada federal pelo Distrito Federal.
Mais filiados
Desde a entrada de Bolsonaro no PL, a legenda faz um esforço para aumentar o seu quadro de filiados e preparar o terreno para as eleições de outubro. Na Câmara, a sigla já pulou de 42 deputados para 63.Neste domingo, realiza o evento “Movimento filia Brasil”, no Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília, local que pode receber até 40 mil pessoas. São esperadas caravanas de todo o Brasil com pré-candidatos, apoiadores e militantes, além da participação de ministros e de parlamentares aliados.
"Estamos encerrando a janela partidária sendo o maior partido da Câmara. Não deixa de ser um evento partidário festivo para nós, comemorando e dando as boas-vindas", afirmou o vice-presidente Nacional da legenda, o deputado federal Capitão Augusto.
Inicialmente, o convite do evento anunciava o lançamento da pré-candidatura de Bolsonaro, mas foi alterado por receio de que pudesse violar a lei eleitoral.
"A questão do pré-lançamento da campanha foi debatida, foi cogitado, mas não chegou a ser implementado porque não tem uma norma que fale sobre o lançamento de pré-campanha. Por essa ausência, não pode dizer que é ilegal, mas não fica amparado por uma norma", ressaltou Caroline Lacerda, do escritório de Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, que atuará na campanha do presidente.