Procurador-geral da República, Augusto Aras
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Procurador-geral da República, Augusto Aras

O seminário promovido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) na terça-feira, em razão do Dia Internacional da Mulher , foi marcado por uma gafe. O procurador-geral da República, Augusto Aras , que também preside o CNMP, afirmou que as mulheres têm "o prazer de escolher a cor da unha" e "o sapato que vão calçar". Nesta quarta-feira, após a repercussão da fala, Aras divulgou um vídeo dizendo que foi mal compreendido e citou ações suas em prol das mulheres na PGR, demonstrando ser "implacável contra o preconceito".

"Esse dia é um dia de homenagem à mãe. É um dia de homenagem às filhas. É um dia de homenagem à mulher. À mulher no seu sentido mais profundo, da sua individualidade, da sua intimidade. À mulher que tem o prazer de escolher a cor da unha que vai pintar. À mulher que tem o prazer de escolher o sapato que vão calçar. Pouco importa que tipo de escolha ela faça, porque essas maravilhosas mulheres que integram as nossas vidas e as nossas instituições são tão dedicadas a todas as causas em que se envolvem, que parece até que elas já estão no mundo quântico muito antes que a gente", disse Aras.

Ele também afirmou: "Precisamos cuidar da mulher, seja como mãe que tem os seus cuidados com a prole, seja também como indivíduo, que têm desejos e expectativas, seja como profissional, seja, enfim, como cidadãs plenas de cidadania, inclusive para exercer os mais altos cargos da República."

Veja:


Mal compreendido

Nesta quarta-feira, Aras se justificou.

"De forma alguma, quis diminuir o papel que a mulher sempre teve em nossa sociedade. Apenas destaquei que é possível buscar qualquer posição até o mais alto posto da República sem abrir mão de sua feminilidade. A luta pela igualdade das mulheres não é somente delas, mas de todos. Hoje, a mulher brasileira tem sim a liberdade de fazer escolhas que vão desde a sua intimidade até a forma de participação no mercado de trabalho e na política. Mas ainda temos muito que avançar. E é nesse sentido que temos caminhado", disse Aras nesta quarta, acrescentando:

"Se alguma mulher se sentiu ofendida ou desprestigiada pela divulgação, repito que jamais houve intenção de diminuir o papel das mulheres e da importância dessa luta. E os fatos demonstram isso, contra qualquer tipo de especulação."

Na terça, Aras já tinha dito que há na gestão do CNMP e PGR "muitas mulheres contributivas para o sucesso das nossas instituições". Mas citou um estudo do CNMP mostrando que as mulheres ainda são minoria nos cargos de direção no Ministério Público brasileiro. Desde a Constituição de 1988, 52 mulheres ocuparam o cargo de procuradora-geral de uma unidade do MP, contra 240 homens.

"Precisamos fazer com que as instituições públicas e privadas também possam estar pautadas internamente por uma constante busca da igualdade de gênero em seus trabalhos, na prestação de seus serviços. É urgente a adoção de medidas que garantam maior participação e, com isso, igualdade de gênero em nossa instituição", disse Aras.

Ele também elogiou a Justiça Eleitoral e parlamentares por tentativas de aumentar a participação feminina na política.

Também na terça, o presidente Jair Bolsonaro, em cerimônia dedicada à data, citou a participação das mulheres no mercado de trabalho e afirmou que elas "estão praticamente integradas à sociedade".

"Ou a mulher era professora ou dona de casa. Dificilmente uma mulher fazia algo diferente disso nos anos 50, 60. Hoje em dia, as mulheres estão praticamente integradas à sociedade. Nós as auxiliamos. Nós estamos sempre do lado dela. Não podemos mais viver sem ela", disse Bolsonaro na terça.

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