Jair Bolsonaro, ao lado do vereador Carlos Bolsonaro, durante reunião com o presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, em Moscou
Alan Santos/PR
Jair Bolsonaro, ao lado do vereador Carlos Bolsonaro, durante reunião com o presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, em Moscou

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu cinco dias para a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestar sobre um pedido feito pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O parlamentar de oposição quer que seja investigada a participação de integrantes do chamado "gabinete do ódio" na comitiva do presidente Jair Bolsonaro que viajou a Rússia na semana passada, e "seus reflexos sobre a integridade das eleições de 2022".

"Gabinete do ódio" foi a expressão cunhada para designar um grupo instalado no Planalto acusado de propagar "fake news". Randolfe disse que o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República, e o assessor Tércio Arnaud integram o grupo, e quer que eles prestem depoimento.

Randolfe destacou as acusações de que a Rússia está por trás de tentativas de interferência em eleições em outros países, como os Estados Unidos e Reino Unido, por meio de hackers. Lembrou ainda dos ataques sem provas feitos por Bolsonaro às urnas eletrônicas, e fez uma relação entra as duas coisas.

"Os planos do Presidente Jair Bolsonaro parecem cada vez mais claros, não sendo demais inquirir os reais interesses dessa agenda. Assim, fica o questionamento óbvio: qual a verdadeira razão para uma viagem à Rússia em momento internacional tão delicado, com uma comitiva sui generis, com ausência de ministros e a presença de numerosos integrantes de seu gabinete do ódio, e no início do ano eleitoral, cujo pleito, ao que indicam as pesquisas de intenções de votos e de rejeição ao governo até o presente momento, perderá", disse Randolfe. O senador ressaltou que a comitiva de Bolsonaro foi reduzida, deixando de contar, por exemplo, com os ministros Paulo Guedes (Economia), Anderson Torres (Justiça) e Tereza Cristina (Agricultura).

"Esses foram preteridos para manutenção das presenças questionáveis do vereador internacional Carlos Bolsonaro e do 'especialista' internacional Tercio Arnaud, que estariam tendo agendas bastante estranhas em solo russo. Tércio Arnaud é um conhecido integrante do 'gabinete do ódio' e articulador de fake news. A conta de Tércio foi uma das 88 (entre perfis pessoais e páginas) no Brasil que foram suspensas pelo Facebook e pelo Instagram por infringir as regras de conduta dessas redes sociais", diz trecho do pedido feito por Randolfe.

O pedido de investigação foi feito no âmbito de um inquérito relatado por Moraes que apura a atuação de milícias digitais contra as instituições democráticas. Randolfe pediu também a relação nominal dos integrantes da comitiva, a agenda individualizada de cada um deles, e os resultados "individualizados e concretos" de tais agendas, sobretudo dos "integrantes do já conhecido 'gabinete do ódio', como o vereador Carlos Bolsonaro e o assessor Tércio Arnaud".

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