Ao chegar em Moscou nesta terça-feira, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, disse que a visita à Rússia do presidente Jair Bolsonaro não atrapalhará as relações com a Otan, principal aliança militar do Ocidente e liderada pelos Estados Unidos. A tensão entre a organização e Moscou aumentou nas últimas semanas por causa dos exercícios militares russos na fronteira da Ucrânia, que levaram Washington a afirmar que era “iminente” uma invasão ao país vizinho.
"Não [atrapalha a parceria com a Otan]. São coisas distintas. Você conversas com todos os países do mundo. Nós continuamos parceiros da Otan e temos interesse aqui, como em todos países. Estamos sempre abertos à negociação", declarou.
Em julho de 2019, o Brasil foi designado como um aliado extra-Otan, se juntando a um grupo de nações como a Coreia do Sul, Argentina e Kuwait. À época, em entrevista ao GLOBO, o então chefe do Comando Sul dos EUA, responsável por por operações militares do país nas Américas Central, do Sul e Caribe, o almirante de esquadra Craig Faller, afirmou que a designação representava um "selo de aprovação" do governo americano, e abria as portas para um acesso facilitado a tecnologias e parcerias com o Pentágono.
O ministro da Defesa afirmou ainda que a crise com a Ucrânia não será tema das conversas.
Além do encontro do presidente Jair Bolsonaro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o ministro da Defesa e o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, terão uma reunião com seus pares russos nesta quarta-feira. Braga Netto disse que discutirá cooperação em diversas áreas estratégicas, mas disse que nenhum contrato será assinado e se tratará apenas de uma conversa.