Após PDT e PSD selarem uma aliança no Rio de Janeiro mirando a eleição para o governo do estado, o prefeito Eduardo Paes (PSD) recebeu em reunião com seu secretariado, na manhã deste domingo (6), o presidenciável Ciro Gomes (PDT). Depois de palestrar em tom de campanha para a equipe da prefeitura, Ciro falou com a imprensa e fez críticas ao pré-candidato ao Palácio Guanabara Marcelo Freixo (PSB) e ao ex-presidente Lula (PT).
O pedetista afirmou que tem uma amizade de longa data com o prefeito carioca e que Paes votou nele em suas três candidaturas. Segundo Ciro, existe a possibilidade de uma aliança mais ampla com PSD, de caráter nacional.
No momento, o partido liderado por Gilberto Kassab ainda trabalha oficialmente com a pré-candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), à presidência da República. Ciro afirmou que um possível palanque com Paes não é uma condição para o acordo já firmado no Rio, e aproveitou para criticar a aliança de Lula e Freixo para a disputa no estado.
"Ele (Freixo) entrou no jogo do Lula. E não é um jogo sério pro Rio de Janeiro. É um jogo de carreirismo particularista", alfinetou Ciro, sem a presença de Paes, completando: "O Lula apoiou Sérgio Cabral a vida inteira. O Freixo não tem nem uma opinião sobre isso? Eu tenho".
Freixo vem usando como trunfo de sua campanha o apoio do ex-presidente a sua candidatura. Para criar uma espécie de "terceira via” no estado — uma alternativa ao candidato do PSB e ao governador Claudio Castro (PL), que tem apoio do presidente Jair Bolsonaro, PDT e PSD se uniram para forma uma chapa única para a disputa no Rio.
Após o PT largar na frente nas movimentações sobre a disputa para o governo fluminense decretando o apoio a Freixo, Paes começou a se articular para emplacar uma candidatura competitiva contra o deputado federal, que é um de seus principais adversários políticos.
O prefeito saiu do evento sem falar com a imprensa. Ontem, ele criticou em entrevista ao Valor Econômico o apoio de Lula a Freixo dizendo que o petista adota uma postura de 'salto alto' no Rio.
Segundo Ciro Gomes, ainda é preciso "paciência" para avançar nas conversas sobre acordos nacionais. "Hoje ele (Paes) tem uma delicadeza que respeito muito. Ele pertence a um partido que tem um candidato e tem compromisso com isso. Quero que o PSD tenha o tempo dele, mas gostaria muito de ter o apoio", disse Ciro, aproveitando para disparar mais uma vez contra Lula. "E eu respeito muito isso porque não sou como o Lula. O Lula está destruindo o PSOL, o PCdoB, o PSB… Porque para o Lula tem que ficar o PT sozinho".
Também estavam presentes no encontro da prefeitura do Rio o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, e os pré-candidatos ao governo do Rio, Rodrigo Neves (PDT) e Felipe Santa Cruz (PSD). Na última quarta-feira (2), os três já haviam se reunido com Paes para fechar o acordo entre os partidos.
O grupo ainda irá definir quem concorrerá ao Palácio Guanabara. Lupi afirmou ainda que o bloco deve buscar na Baixada Fluminense um vice para compor a chapa e ganhar visibilidade nessa região, vista como estratégica pelo grande colégio eleitoral.
Ao ser questionado sobre candidatos a governador pelo PDT que pressionam o partido para receber Lula no palanque, por conta de sua estagnação nas pesquisas eleitorais, Ciro Gomes disparou mais uma vez contra o adversário petista.
"O gabinete do ódio do Lula trabalha todo dia pra criar essa intriga, essa futrica, porque quer ver a eleição resolvida no conchavão despolitizado dele", disse Ciro.