Bolsonaro e Malafaia
Reprodução O Globo
Bolsonaro e Malafaia

O presidente Jair Bolsonaro avisou nesta segunda-feira a lideranças evangélicas que vetará a legalização dos jogos de azar caso o tema seja aprovado no Congresso . O pastor Silas Malafaia, aliado próximo a Bolsonaro, disse que o presidente reiterou sua posição e classificou o projeto como "absurdo". Em meio à pressão de evangélicos, a Câmara adiou a votação do requerimento de urgência para análise do projeto, que havia sido incluído na pauta desta segunda-feira.

A fala de Bolsonaro ao pastor ocorreu em resposta a um vídeo divulgado pelo próprio Malafaia, em suas redes sociais, no qual o líder religioso criticou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por pautar o requerimento de urgência para análise do assunto.

"Falei com o presidente ao telefone após publicar meu vídeo, ele disse que vai dar veto. Falou que isso é um absurdo, que não colabora com a economia e que prejudica os aposentados", disse Malafaia.

Bolsonaro já havia declarado em setembro, em entrevista à revista "Veja", que seria "natural" vetar o projeto, mas reconheceu à época a possibilidade de o Congresso futuramente derrubar seu veto. Lideranças evangélicas argumentam que um veto de Bolsonaro, em caso de aprovação do projeto, daria mais tempo para que a bancada religiosa no Congresso se articulasse contra o tema.

"No vídeo, Malafaia havia chamado o projeto de "desgraça social" e criticou Lira por "no apagar das luzes querer aprovar esse lixo".

"Noventa por cento da população brasileira ganha até cinco salários (mínimos). Isso é uma coisa tão desgraçada que só interessa a grupos econômicos poderosos e lavagem de dinheiro de corruptos. Não beneficia em nada a economia do país. Não venham aqui fazer comparações com Estados Unidos e Europa, que têm outro nível social", afirmou o pastor em seu vídeo.

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Lira fez reuniões nas últimas semanas com bancadas temáticas para tratar de projetos que seriam prioritários na reta final do ano legislativo, e ouviu da Frente Parlamentar Evangélica que sua prioridade seria barrar a legalização dos jogos de azar. A inclusão do requerimento de urgência na pauta desta segunda-feira desagradou a bancada evangélica, que prometeu fazer obstrução. Se o requerimento for aprovado, o texto pode ser votado em plenário.

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O presidente da bancada evangélica, deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), discursou nesta segunda no plenário afirmando que o grupo é "terrivelmente contra" o projeto. Ao GLOBO, o parlamentar reiterou que Bolsonaro já prometeu vetar a proposta.

"Já falei com o presidente Bolsonaro há um tempo e ele prometeu vetar a proposta. Mas nós vamos nos organizar para nem entrar na pauta", disse o parlamentar ao GLOBO.

De acordo com Cezinha, a legalização de jogos de azar poderia alimentar "vícios" e prejudicaria especialmente a população idosa:

"Eu deixei claro ao presidente Arthur Lira que essa era uma pauta que não dava para votar de forma alguma. Disse que obstruiria se fosse para votação. O Brasil não está preparado para esse tipo de situação. Temos grande parte da população pobre e outra parte aposentada. Há estudos que mostram que os mais idosos são os grandes prejudicados pelo vício. E é um caminho que pode levar os jovens, inclusive, para as drogas."

Integrante da bancada evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) disse que Lira descumpre o combinado ao pautar o requerimento de urgência.

"Ele descumpriu o que falou para gente, em reunião com 70 convidados. Ele falou que, se pautasse, seria em comum acordo", disse Sóstenes.

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