O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reclamou nesta segunda-feira da repercussão internacional do relatório da CPI da Covid, que pediu seu indiciamento por nove crimes. Bolsonaro listou algumas das acusações que constam no documento, além de outras cogitadas mas depois descartadas pelos senadores, e disse que é "um absurdo o que esses caras fizeram".
"Por mais que nós saibamos o que acontece lá, até pelo perfil daqueles três senadores, há uma repercussão negativa forte fora do Brasil. Sabemos disso. Me rotulam como genocida, curandeiro, falsificador de documentos, exterminador de índios. É um absurdo o que esses caras fizeram", disse Bolsonaro, em entrevista à rádio Caçula FM, do Mato Grosso do Sul.
Apesar de não ter nomeado os "três senadores", Bolsonaro costuma focar suas críticas na cúpula da CPI: o presidente, Omar Aziz (PSD-AM); o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP); e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL).
O presidente disse que o relatório prejudica o ambiente de negócios e leva desconfiança:
"Vai ter repercussão fora do Brasil. Isso prejudica o nosso ambiente de negócios. Não ajuda a cair o preço do dólar. Leva uma certa desconfiança para o mundo lá fora."
Em seu relatório, Renan pediu o indiciamento do presidente por nove crimes: epidemia com resultado morte, infração de medida sanitária preventiva, charlatanismo, incitação ao crime, falsificação de documento particular, emprego irregular de verbas públicas, prevaricação, crimes contra a humanidade e crime de responsabilidade (violação de direito social e incompatibilidade com dignidade, honra e decoro do cargo).
O relator chegou a planejar pedir o indiciamento de Bolsonaro por genocídio, que teria sido cometido contra povos indígenas, mas retirou esse ponto porque não havia consenso entre os senadores. Renan também cogitou incluir o crime de curandeirismo, mas também não constou no relatório final.