Omar Aziz
Edilson Rodrigues/Agência Senado
Omar Aziz

O presidente da CPI da Covid Omar Aziz (PSD-AM) afirmou que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) vazou partes do relatório de propósito para expor divergências, o que inviabilizou a discussão sobre o texto. Para Omar, agora não há condições de retirar sugestões de indiciamento que estão no documento, embora haja acusações "frágeis", e o grupo será obrigado a votar a favor do relatório como está.

Em coletiva a jornalistas, Omar disse que havia um acordo de reunir o G7, grupo majoritário na CPI, no gabinete de Renan nesta segunda-feira para entrar em acordo sobre o texto. A exposição do relatório na imprensa, porém, acabou explicitando as divergências no grupo.

"O Renan disse que vai tirar algumas coisas. Eu acho que ele deve manter tudo. Não tem que tirar nada, ninguém está pedindo nada para ele. O que nós queremos é acrescentar algumas coisas, o que só vamos fazer depois de saber do relatório."

O presidente da CPI afirma que não vai "dar brecha" para Renan dizer que retirou algo por causa dele. Os senadores divergem especialmente sobre a quantidade de crimes imputados ao presidente Jair Bolsonaro. São 11, incluindo genocídio indígena. Omar, assim como Eduardo Braga (MDB-AM) e Otto Alencar (PSD-BA) é contrário a incluir a sugestão no relatório, mas diz que agora está sendo obrigado a votar a favor.

"Tudo que foi vazado o senador Omar vota a favor, e espero que (Renan) não se esforce para retirar, porque ninguém é besta aqui."

Questionado sobre a afirmação de Renan Calheiros de que poderia incluir ou retirar pontos do relatório seguindo a sugestão de colegas, Omar deu risada e completou:

"Onde ele está indo eu já voltei. Você está de brincadeira? Ele diz que "vazaram". Não foi ele que vazou, "vazaram". Então eu não estou pedindo para retirar nada. Nenhum indiciamento. Nós não temos o direito de estar discutindo isso mais."

"Tudo que saiu na imprensa eu vou exigir que ele mantenha no relatório. Porque ele não vai jogar e depois tirar. Vai tirar por quê? Por que o açodamento então em vazar?"

Segundo o presidente da CPI, a estratégia de Renan acaba pressionando para aprovar o relatório como está para que os senadores não sejam acusados pelos recuos.

"A sugestão minha é que ele mantenha tudo aquilo que ele vazou. Para não ter dúvida sobre o nosso comportamento, para não sair brincadeirinha dizendo que o presidente (Bolsonaro) ligou para o Omar."

De acordo com relatos, a reunião de Omar com Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT-PE), foi repleta de críticas ao senador Renan Calheiros, pois todos se sentiram traídos com o vazamento.

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Segundo auxiliares que acompanham os diálogos, o fato de Renan ter informado aos aliados na sexta-feira que não iria mais compartilhar a minuta do parecer com os membros do G7 já havia gerado certo incômodo, que foi absorvido. Mas a gota d'água foi a divulgação de uma das versões preliminares em veículos de imprensa.

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Omar rejeitou o argumento de Renan de que o relatório vem sendo construído em conjunto com os pares há meses e, portanto, eles já teriam conhecimento do que seria incluído no texto final.

"Pelo visto não temos nada a contribuir. Ele deu uma declaração hoje dizendo que o relatório está pronto há dois meses, mas nunca apresentou para a gente", reclamou Omar.

O presidente da CPI disse que na última reunião do grupo, no final da semana passada, ficou decidido que, embora Renan não aceitasse compartilhar o relatório, haveria uma reunião hoje para os parlamentares discutirem ponto a ponto todo o relatório, quando cada um teria a oportunidade de fazer suas considerações.

"Seria uma opinião dada dentro do círculo de discussão, não uma assembleia. Quer dizer nós vamos debater democraticamente um relatório que está indiciando pessoas? Eu acho que ele não gostaria que fizessem isso nos indiciamentos das denúncias que fizeram contra ele e eu também não quero que faça isso nas denúncias feitas contra mim", criticou.

Visivelmente irritado, Omar pediu para que os jornalistas destacassem que Renan não deve perder tempo fazendo alterações no relatório, porque vai votar a favor do que já foi exposto.

— Acho que ele tem que manter tudo. Você não pode jogar a tinta nas pessoas e depois dizer vou tirar tua tinta. Não é assim. Agora já foi. Antes de de vazar ele podia até mudar de ideia. Agora ele não tem esse direito. Ele não tem mais direito de mudar — declarou.

Omar afirmou que a reunião prevista na semana passada para hoje foi cancelada e que ninguém do grupo tem intenção de se reunir com Renan no momento.

"Qual é a minha preocupação? Imagine que o relatório seja aprovado com um trecho frágil que não vá sustentar. O problema é você tipificar uma coisa e essa tipificação cair no primeiro momento por falta de de conteúdo e aí colocar tudo a perder... Esse é meu medo. É quando você faz uma denúncia frágil em cima de uma coisa que você está colocando ali sem um embasamento técnico", alegou Omar.

Ele frisou que, mesmo discordando de alguns pontos, vai votar favorável ao texto de qualquer jeito;

"Eu vou votar a favor, independente da opinião deles. Eu hoje não tenho o direito de me contrapor ao relatório do senador Renan. Eu teria se fosse uma coisa discutida entre nós. Agora, a justificativa de dizer 'ah, vazaram'. Não, não vazaram, né? Foi um singular, 'eu vazei'."

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