O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, acusou o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros, de comandar "um dos maiores esquemas de roubalheira" no país [veja no vídeo abaixo]. Barros é investigado na CPI, que apura ações e omissões do governo federal durante a pandemia. A suspeita de Renan e outros senadores é que ele tenha participado de irregularidades no Ministério da Saúde, como negociações para a compra de vacinas. Barros, que vem negando envolvimento em irregularidades, rebateu dizendo que Renan quer apenas atacar o governo do qual ele é líder.
"Nós estamos avaliando que o deputado Ricardo Barros é o comandante de um dos maiores esquemas de roubalheira que assaltou, entre outros órgãos públicos, o Ministério da Saúde. Isso está tudo evidentemente comprovado. Pelo FIB Bank, pela sua relação com Roberto Ferreira Dias, pela maneira como eles roubavam, publicavam a arquitetura do próprio roubo. Isso é uma coisa inédita na própria história da corrupção. O papel desse Ricardo Barros, líder do governo, na vida nacional é um papel lamentável e ele precisa ser exemplarmente punido por tudo isso", disse Renan em entrevista na manhã desta terça.
Questionado sobre os crimes que seriam apontados a Barros, Renan respondeu: "Não temos ainda o desfecho do relatório final. Mas ele já foi posto formalmente como investigado"
No Twitter, Barros rebateu o relator da CPI: "Senador Renan e a CPI não tem nada contra mim e não terão. Minha conduta é ilibada. Entendo o desespero de não terem concretude nas suas acusações. Só querem atacar o governo do qual sou líder. Enganar o STF não resolve a falta de consistência da CPI. Só causam danos ao Brasil."
Antes da entrevista do relator, Barros tinha publicado no Twitter uma informação repassada pela CPI ao STF, comunicando que alguns assessores de Renan haviam acessado um documento sigiloso do deputado em posse comissão. Segundo Barros, "Renan enganou Cármen Lúcia [ministra do STF]", uma vez que a CPI tinha informado antes que ninguém havia acessado os dados dele no sistema. Para Barros, há relação entre esses acessos e o vazamento de dados.
Renan fez referência às relações de Barros com o FIB Bank e com o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias. Em outra ocasião, Renan já havia apontado o advogado Marcos Tolentino como dono oculto do FIB Bank. Segundo o relator, por ser amigo de Barros, Tolentino teria facilitado a emissão de carta-fiança do FIB Bank em favor da Precisa Medicamentos, empresa que representou a vacina Covaxin no Brasil. Essa carta foi apresentada pela Precisa para poder fechar contrato com o Ministério da Saúde. Após o negócio entrar na mira da CPI da Covid, a pasta suspendeu o contrato.
Roberto Dias foi acusado pelo servidor Luis Ricardo Miranda, do Ministério da Saúde, de fazer pressão pela liberação da vacina Covaxin, a vacina desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech. Ele também foi acusado pelo PM Luiz Paulo Dominguetti, que tentou negociar vacinas com o ministério, de cobrar propina.