Eduardo Bolsonaro e Steve Bannon, ideólogo de Trump
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Eduardo Bolsonaro e Steve Bannon, ideólogo de Trump

O ex-estrategista do ex-presidente americano Donald Trump, Steve Bannon, fez afirmações falsas a respeito das urnas eletrônicas brasileiras. As declarações foram feitas em um evento conservador nos Estados Unidos em que também estava presente o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que também questionou a lisura do sistema eletrônico de voto. O ideólogo do republicano foi  citado recentemente em um relatório da Polícia Federal, enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que apontava que redes bolsonaristas seguiam estratégias atribuídas a ele para disseminar informações falsas.

Bannon é próximo da família de Jair Bolsonaro (sem partido) e costuma chamar o presidente brasileiro de “Trump dos Trópicos”  — assim como o fez no evento, que aconteceu na Dakota do Sul, na semana passada. Na ocasião, após a apresentação de Eduardo, o ideólogo do ex-chefe da Casa Branca disse que a disputa presidencial no Brasil em 2022 será “a segunda mais importante do mundo e a mais importante eleição da história da América do Sul”.

Bannon também fez críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo pesquisas, o petista aparece à frente de Bolsonaro nas intenções de voto para a eleição do ano que vem e, caso venham a disputar o segundo turno, as sondagens apontam que ex-presidente ganharia a disputa contra o atual ocupante do Palácio do Planalto.

"Lembrem-se em outubro de 2022, uns 30 dias antes desta monumental eleição para o Congresso dos EUA, ele [Eduardo] e seu pai, Jair Bolsonaro, vão encarar o esquerdista mais perigoso do mundo, Lula. Um criminoso, comunista e apoiado por toda a mídia aqui nos EUA, toda a mídia esquerdista. Esta eleição é a segunda eleição mais importante no mundo e a mais importante eleição da história da América do Sul. Bolsonaro vai vencer, a não ser que seja roubado, adivinhem pelo que? Pelas máquinas", disse Bannon, que também afirmou: "E eles vão tentar roubar todas as eleições possíveis. Porque eles não têm o apoio do povo, eles não conseguem vencer eleições livres e limpas. Eles não conseguem ganhar eleições com voto em cédulas de papel."

Na apresentação de Eduardo, que ocorreu pouco antes das declarações de Bannon, o filho do presidente também questionou as lisuras das urnas eletrônicas brasileiras. Assim como seu pai, o deputado federal alega, sem apresentar provas, de que as eleições no Brasil são passíveis de fraude. No entanto, desde que foram implementadas as urnas eletrônicas, há 26 anos, não houve nenhum registro de manipulação no sistema, que passa por um longo processo de auditoria que começa antes mesmo da votação e vai até a apuração dos votos.

"Você vai até a máquina, digita o número do seu candidato e pede a Deus que na capital, em Brasília, eles vão contá-lo corretamente. Esse é o sistema brasileiro", declarou Eduardo.

Estratégia semelhante

O questionamento da lisura das eleições foi uma das estratégias adotadas por Trump ao longo de toda sua campanha de reeleição no ano passado. Diferentemente do Brasil, os Estados Unidos não têm uma Justiça eleitoral federal e cada estado do país possui seu próprio modelo de votação, que pode permite até mesmo votar pelo correio, além do uso de cédulas de papel.

O republicano, que foi derrotado pelo atual presidente, Joe Biden, alegou que a eleição de 2020 foi fraudada e iniciou, à época, uma ofensiva judicial para tentar reverter os resultados. No entanto, como não havia nenhuma prova de fraude, seus esforços foram frustrados.

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Aliado de Trump, o governo Bolsonaro demorou para reconhecer a vitória de Biden — tendo apenas entrado em contato com a nova gestão mesmo após o anúncio do resultado do pleito —, e membros do alto escalão endossaram a narrativa do americano, como o então chanceler brasileiro Ernesto Araújo.

A estratégia atual de Bolsonaro de questionar as urnas se assemelha a usada por Trump. Não é a única postura que o brasileiro copia do americano, segundo apontou o relatório da Polícia Federal enviado ao TSE. o documento, a PF afirmou que canais bolsonaristas usam as redes sociais para “diminuir a fronteira entre o que é verdade e o que é mentira” e têm como estratégia ataques aos veículos tradicionais de informação (jornais, rádio, TV etc).

Tal estratégia foi atribuída a Steve Bannon, que a implementou na campanha de eleição de Trump, em 2016, e na de Bolsonaro, em 2018. Ambos têm em comum ataques à imprensa e alegações de que as notícias de veículos tradicionais são falsas.

Contato frequente

O deputado Eduardo Bolsonaro foi apresentado a Bannon por Gerald Brant, executivo do mercado financeiro que é filho de americana com brasileiro e amigo do ex-estrategista de Trump. O encontro aconteceu durante a campanha eleitoral de Bolsonaro, em 2018. Após trabalhar com o ex-presidente Trump, Bannon teria se incumbido da missão de articular direita populista pelo mundo.

Na véspera do evento conservador da semana passada, organizado pelo empresário ultraconservador Mike Lindell, Eduardo Bolsonaro havia se encontrado com Trump. O deputado publicou uma foto junto com o ex-presidente em suas redes sociais, mas não fez nenhuma menção sobre o sistema eleitoral. Disse apenas que convidou o republicano para a edição brasileira da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), evento conservador americano que Eduardo ajudou a trazer para o país.

Eduardo também já havia se encontrado com Lindell em outras ocasiões. Em janeiro, conforme o empresário confirmou durante o evento, os dois estiveram juntos dias antes da invasão do Capitólio. Na ocasião, apoiadores de Trump forçaram sua entrada no Congresso americano para tentar barrar a cerimônia que ratificava a vitória de Biden. Mesmo após a repercussão negativa do episódio, Lindell continuou alegando que as eleições haviam sido fraudadas e que Trump era o verdadeiro vencedor.

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