O vice-presidente Hamilton Mourão
Foto: Isac Nóbrega/Presidência
O vice-presidente Hamilton Mourão

O vice-presidente Hamilton Mourão pode concorrer ao governo do Rio em 2022 com o aval de deputados bolsonaristas insatisfeitos com o governador Cláudio Castro (PL), que vem tentando assegurar o apoio do presidente Jair Bolsonaro para a campanha à reeleição. Conforme revelou nesta quinta-feira o colunista Lauro Jardim, do GLOBO, o PRTB fluminense articula uma candidatura de Mourão, que ainda não definiu se concorrerá ao governo ou ao Senado, e também estuda levar seu domicílio eleitoral para o Rio Grande do Sul ou mantê-lo no Distrito Federal. Mourão não deve seguir como vice na chapa de Bolsonaro no ano que vem.

Na quinta-feira, como antecipou a colunista Berenice Seara, do Extra, Mourão reuniu-se em Brasília com o ex-prefeito do Rio Marcelo Crivella (Republicanos) e com os deputados Márcio Labre, federal, e Alana Passos, estadual, ambos do PSL. Labre e Alana, aliados de Bolsonaro, afirmam que um dos itens debatidos no encontro foi o cenário político do Rio, mas sem definição de candidaturas e apoios. Embora digam ser “precipitado” falar em aliança com Mourão, os parlamentares disseram ver com bons olhos a participação do vice na disputa de 2022 no estado.

"Foi uma visita institucional, na qual conversamos sobre o cenário de 2022. Nada está descartado. Sabemos que o PRTB está se movimentando nesse sentido (de uma candidatura de Mourão). O governador Cláudio Castro tem esse problema de querer juntar todo mundo (no governo), e eventualmente acaba colocando na mesma casa gente que não se dá bem", afirmou Labre.

Segundo o parlamentar, um dos “ajustes” necessários para garantir a manutenção do apoio de Bolsonaro a Castro em 2022 é o alinhamento do PL fluminense ao governo federal. O PL integra a base do governo na Câmara, mas apresenta dissidências em alguns estados do Norte e Nordeste, como o Amazonas, do vice-presidente da Casa, deputado Marcelo Ramos, que tem se colocado como oposição a Bolsonaro. O deputado federal Altineu Côrtes, presidente do PL no Rio, votou de forma contrária à PEC do voto impresso na terça-feira, seguindo a orientação da liderança do partido, apesar de ser uma pauta apoiada pelo bolsonarismo. Os outros dois parlamentares fluminenses do PL, Soraya Santos e Gelson Azevedo, se ausentaram da votação, contribuindo para a derrota da proposta.

Presidente da Caixa é cotado
Além de Mourão, uma das alternativas levantadas por uma pessoa próxima à família Bolsonaro é a candidatura do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, ao Senado ou ao governo. Guimarães, que também é cotado para ser vice de Bolsonaro, vem ganhando espaço em agendas do presidente. No mês passado, chegou a chorar na inauguração de uma agência bancária ao interagir por videochamada com Bolsonaro, que estava internado em São Paulo para tratar de uma obstrução intestinal. Guimarães foi indicado à Caixa pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e nunca disputou eleições.

Castro, que assumiu o governo interinamente em agosto do ano passado e foi efetivado após a conclusão do impeachment de Wilson Witzel (PSC), em abril, vem conciliando os acenos a Bolsonaro com tentativas de angariar apoio de prefeitos e lideranças políticas de partidos tradicionais, como MDB, PP, DEM e Republicanos. Nessa costura, o governador aproximou-se de adversários de deputados bolsonaristas, como o prefeito de Queimados, Glauco Kaizer (Solidariedade), e o secretário estadual de Obras, Max Lemos (PSDB) — ambos atuam em campos opostos à deputada Alana Passos na Baixada. Recentemente, Alana disse a aliados que vinha sendo alvo de “fogo amigo” do governo do estado.

Procurada, a deputada não quis comentar os atritos recentes com Castro, mas elogiou uma eventual candidatura de Mourão ao governo. Alana, que também é cotada para disputar o Senado, disse estar focada em buscar mais um mandato na Assembleia Legislativa (Alerj). Crivella, que também participou do encontro com Mourão, é outro nome cogitado ao Senado numa composição bolsonarista, mas aliados do ex-prefeito dizem que sua prioridade é ser aceito como embaixador na África do Sul.

“O general não sinalizou qual seria sua escolha. Eu, como militar e parlamentar pelo Rio de Janeiro, vejo com bons olhos ele disputar o governo do nosso estado. Não posso falar pelo vice-presidente, mas é nítido que ele tem um carinho pelo Rio”, disse Alana, por meio de sua assessoria de imprensa.

Vídeos nas redes sociais
Desde janeiro, o PRTB fluminense é presidido pelo ex-policial federal Antônio Carlos dos Santos. Também conhecido como Professor Antônio Carlos, ele chegou a ser presidente do Detran ainda no governo Witzel e subsecretário de Integração Sociogovernamental e Projetos Especiais, mas foi exonerado já no governo interino de Castro, em novembro. Em seu lugar, foi nomeado por Castro o advogado Marcos Felipe Marques da Cunha Carvalho, sócio e ex-assessor parlamentar de Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral (MDB).

Antônio Carlos afirmou que pretende fazer uma série de vídeos com Mourão, em formato de bate-papo sobre as “mazelas e necessidades do Rio”. O primeiro vídeo vai ao ar nesta sexta-feira, em suas redes sociais. O presidente do PRTB fluminense diz que ainda não tratou especificamente sobre as eleições de 2022 com Mourão, mas que tenta reconstruir o partido para “dar tranquilidade” ao vice. Em junho, O GLOBO mostrou que, após a morte do presidente nacional do PRTB, Levy Fidelix, próximo a Mourão, o general cogitava deixar o partido em busca de maior estrutura para disputar um cargo majoritário. Por não ter eleito deputados federais em 2018, o PRTB deve ficar com uma das menores fatias do fundo eleitoral no ano que vem — em 2020, o partido abriu mão oficialmente de R$ 1,2 milhão a que teria direito para financiar campanhas em todo o país.

"Mourão é contra o fundo público de campanha, então isto não seria problema. Quero dar a ele um partido reconstruído, para que tenha tranquilidade de decidir seu futuro. No momento, o objetivo dos vídeos é apresentá-lo ao povo carioca, mostrar que ele tem tudo a ver com o Rio, não carrega uma polarização que não é boa para ninguém. É natural que outros partidos queiram fazer parte deste projeto", afirmou Antônio Carlos.

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