Senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ)
Leopoldo Silva/Agência Senado
Senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ)

Desde que assumiu, na semana passada, a condição formal de membro suplente da CPI da Covid, após a licença de Ciro Nogueira (PP-PI) para assumir a Casa Civil do governo, o  senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) não compareceu aos depoimentos na comissão, e tem procurado atuar nos bastidores. Seu gabinete já se movimentou para ter acesso à documentação sigilosa da CPI, que inclui, por exemplo, processos em segredo de Justiça, investigações do Ministério Público e quebras de sigilo.

Esse acesso é uma prerrogativa dos senadores que compõem a CPI, e a solicitação foi feita por um assessor de Flávio na última sexta-feira. O objetivo ao se debruçar sobre os arquivos é avaliar quais documentos podem ser úteis na defesa do governo e quais podem ser utilizados para embasar acusações sobre supostos desvios de recursos envolvendo governadores. Esse trabalho já era feito pelos quatro senadores governistas na CPI, mas a avaliação de integrantes do núcleo do governo é que, à exceção de Marcos Rogério (DEM-RO), os outros parlamentares vinham deixando a desejar na defesa do Planalto.

A consequência do acesso de Flávio aos documentos gera divergência na cúpula da CPI. Isso porque embora não seja formalmente investigado pela comissão, a suposta ligação dele com diretores de hospitais federais do Rio é uma das linhas de investigação da CPI.

"Flávio ter acesso aos documentos é algo que atrapalha as investigações, mas nada que impeça o caminho a que vamos chegar. Com a presença dele na comissão temos que ser mais céleres. Temos que ter consciência ao movimento de obstrução que está em curso", diz o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Flávio também tem proximidade com outros alvos da CPI. Um deles é o empresário Danilo Fiorini Júnior, sócio de Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, em alguns negócios. Os dois estiveram com Flávio durante reunião virtual do BNDES, em outubro de 2020, o que chamou atenção da cúpula da comissão parlamentar de inquérito. O senador, inclusive, já admitiu manter uma “amizade distante” com Fiorini.

"O que chega para a gente é que o Renan Calheiros(MDB-AL, relator da CPI) tem um bunker em casa, com foto minha na parede. Pessoas no meu entorno, que ele busca a todo tempo, acreditando que tem algum envolvimento comigo, pessoal, de amizade, e tenta quebrar sigilo, levar na CPI", disse Flávio na ocasião.

Como membro da CPI, Flávio também poderá protocolar requerimentos e falar, durante as sessões, na frente dos senadores não-membros da comissão.

O parlamentar deu mostras, no entanto, de que o novo posto não deverá mudar sua assiduidade nas sessões da comissão, comparecendo apenas aos depoimentos de testemunhas e investigados que o Planalto considera mais sensíveis.

Das três sessões da semana passada, que não preocupavam o governo, Flávio não foi a nenhuma e priorizou agendas políticas e questões pessoais. Na quinta-feira, foi visto na sala anexa que senadores usam no intervalo das sessões da comissão para comer, mas não permaneceu no plenário.

"Sabemos o quanto o governo teme uma sessão da CPI quando Flávio está presente. É o melhor termômetro", conta Randolfe.

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