O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta segunda-feira (19) que "pode haver algum tipo de transgressão" em contratos do governo federal, assim como de estados e municípios, e disse que a lei será aplicada. A afirmação foi feita quando Queiroga foi questionado sobre o contrato do Ministério da Saúde com a empresa VTC Operadora Logística, que está sendo investigado pela CPI da Covid.
Sem referir-se diretamente à empresa, o ministro disse que todas as denúncias são apuradas e que, de acordo com resultado, são tomadas providências:
— O ministério tem um setor de integridade. Então, toda vez que há alguma denúncia, essas denúncias são apuradas. E, de acordo com a apuração, as providências, elas são tomadas. Vocês já viram que nós aqui somos céleres na tomada de decisões, seguindo a determinação do presidente da República — declarou Queiroga, ao ser perguntado sobre a empresa quando chegava no Ministério da Saúde, na manhã desta segunda.
O ministro avaliou que suspeitas de irregularidades são naturais "em uma administração pública gigantesca", mas disse que seu objetivo é que "cada centavo" dos impostos seja aplicado corretamente:
Você viu?
— O que nós queremos é que cada centavo que vem do imposto que pagamos seja aplicado de maneira própria. Naturalmente que, em uma administração pública gigantesca, como é do Estado brasileiro, não só na União, mas também nos entes subnacionais, pode haver algum tipo de transgressão. Se tiver, nós temos a lei. E a lei, ela é igual para todos.
O GLOBO mostrou que dados da quebra de sigilo telefônico do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Dias revelam uma série de contatos com a Andreia Lima, CEO da VTC Operadora Logística. Ao todo, foram 135 ligações entre os dois. O ex-diretor da Saúde atendeu a 129 chamadas de uma linha de telefone celular utilizada pela executiva. Ele, por sua vez, realizou seis chamadas para ela. Somados os tempos de todas as ligações, os dois se falaram por quatro horas e dezoito minutos.
A VTC Log entrou na mira da CPI em meio a suspeitas envolvendo contratos obtidos com o Ministério da Saúde. Na semana passada, O GLOBO já havia mostrado que os negócios da empresa com a pasta aumentaram 70% no período em que o ministério foi comandado pelo atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), entre 2016 e 2018. No total, os contratos somaram R$ 257 milhões, dos quais R$ 253 milhões sem licitação.