O avanço nas tratativas entre a família Bolsonaro e o Patriota, que já filiou o senador Flávio , fez lideranças estaduais do PSL correrem para tentar acomodar o presidente, com medo de perder o acesso ao fundo eleitoral.
Na reunião da ala bolsonarista do PSL com o presidente na quarta-feira da semana passada, alguns deputados, como general Peternelli (SP) e Luiz Lima (RJ), sugeriram a ideia de permanecer na legenda para garantir recursos para as eleições federais, mas manter a campanha por Bolsonaro mesmo.
Eles temem que, ao migrar para uma sigla menor como o Patriota , que não tem acesso ao fundo, suas candidaturas possam naufragar. De acordo com parlamentares presentes na reunião, Bolsonaro teria reagido a fala dos deputados alegando que não preciso de recursos de partido nem de tempo de TV para se eleger em 2018.
Desde o encontro no Palácio do Planalto, o presidente estadual do Rio, Sargento Gurgel, se reaproximou da família Bolsonaro — no rompimento de Bolsonaro com o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, em 2019, o deputado federal permaneceu do lado "bivarista". Agora, no entanto, tem participado de agendas com o mandatário e chegou a conversar com Flávio sobre o futuro do diretório no estado.
"Se eu for o presidente no ano que vem, o partido no Rio vai apoiar o presidente Bolsonaro", afirma Gurgel, garantindo que isso acontecerá mesmo se Bolsonaro não voltar ao PSL.
O diretório do Ceará, hoje com Heitor Freire, foi ofertado para Capitão Wagner (PROS), apoiado por Bolsonaro na disputa pela prefeitura de Fortaleza. Segundo Freire, ele ficará no posto até agosto, quando será sucedido por alguém de confiança de Wagner, que mudará para o PSL no período da janela partidária, no ano que vem. Assim como Gurgel, Freire também ficou do lado de Luciano Bivar após o racha de 2019.
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A ideia divide os parlamentares com melhores condições de se elegerem independentemente da sigla, isto é, menos dependentes do dinheiro. Carla Zambelli (PSL), que tem 1,2 milhão de seguidores no Twitter, declarou na reunião que segue com Bolsonaro aonde ele for.
Em entrevista a um congresso conservador realizado de forma virtual no último fim de semana, Eduardo Bolsonaro afirmou que o ideal é que todos os candidatos de Bolsonaro em 2022 estejam "no partido em do presidente", mas que ainda não sabe se será o Patriota ou outro.
Por outro lado, desafetos de Bolsonaro correm para endurecer a resistência contra a volta do presidente. Na tarde desta quarta-feira, o presidente estadual Junior Bozzella se reuniu com o vereador paulistano Rubinho Nunes, recém-expulso do Patriota por críticas à filiação de Flávio à legenda. Nunes é um dos principais nomes do MBL, e seu desembarque no PSL abre caminho para a chegada dos deputados federal Kim Kataguiri (DEM) e estadual Arthur do Val (Patriota).
O MBL deve ocupar o lugar de Joice Hasselmann na trincheira antiBolsonaro no PSL de São Paulo. O plano de Bozzella é lançar Do Val ao governo de São Paulo em 2022 e manter o estado longe da influência dos Bolsonaro.