O vice-presidente e general da reserva Hamilton Mourão
concedeu uma entrevista exclusiva à colunista de O Globo Malu Gaspar. Ele comentou sobre a preocupação disseminada de que Polícia Militar (PM) poderia fazer um levante bolsonarista nas eleições de 2022, se rebelando contra governadores e opositores do presidente.
Questionado se está preocupado com a possibilidade, ele respondeu que não: "Em absoluto! Não tem espaço. Quando a gente procura um modelo histórico e quer transpor para o presente, tem de olhar quais são as causas profundas, as causas imediatas e aquilo que pode ser o pavio que incendeia e deflagra o processo. E o processo brasileiro é outro, totalmente diferente [dos Estados Unidos]. Então, eu não temo nada disso daí", afirmou.
"Existe uma análise que vem sendo feita na qual se procura dizer 'o [Donald] Trump fez aquilo [invasão ao Congresso] nos Estados Unidos, vai ter uma milícia aqui que vai [fazer o mesmo]'. Você não pode comparar a sociedade americana com a brasileira. É óbvio que você encontra um número significativo de policiais simpáticos ao nosso governo e, em particular, ao presidente Bolsonaro, mas você também tem policiais que são simpáticos à esquerda, ao PT, seja lá quem for", comentou o vice-presidente.
Questionado sobre a politização da PM e se o exército entraria em ação para controlar as tropas, caso necessário, Mourão disse que ocorre desde a Constituição de 1988.
"Os próprios governadores - não falo dos atuais, mas daqueles que exerceram a função - politizaram as PMs. Muitas vezes, escolheram como comandante não o mais antigo ou capacitado, mas alguém simpático politicamente àquele governo. Essa politização levou a policiais eleitos dentro do Congresso, Assembleias Legislativas, Câmaras Municipais. Quando a PM entra em greve é um negócio muito grave, quase um motim. (Nesses casos) O Exército foi acionado e cumpriu sua missão. Já aconteceu no Espírito Santo, duas vezes na Bahia e no Ceará, em Pernambuco.
- Com informações de O Globo.