Sem usar máscara, o presidente Jair Bolsonaro participou de uma manifestação que provocou grande aglomeração no Rio de Janeiro na manhã deste domingo
. O ato, convocado por aliados e apoiadores, teve uma grande "motociata", uma carreata puxada por motoqueiros que cortou diversos bairros da cidade, saindo da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, passando pela Zona Sul até se encerrar no Monumento dos Pracinhas, no Aterro do Flamengo
, na área central da cidade.
Ali, Bolsonaro fez um discurso de pouco mais de cinco minutos para os apoiadores
. Ao lado dele no palanque, também sem usar máscara, estava o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que na última semana atuou para blindar Bolsonaro de responsabilidade pelas falhas do país no combate à pandemia em seus dois dias de depoimento na CPI da Covid.
O presidente elogiou os valores conservadores. "Temos que agradecer à nossa direita, àqueles que defendem a família, a Pátria e que têm Deus no coração", afirmou. "Podem ter certeza, nós vamos, cada vez mais, fazendo com que as pessoas eleitas por vocês façam melhor. Sei da enorme responsabilidade que eu tenho, mas sei do povo maravilhoso que me apoia".
O presidente agradeceu a presença de seus apoiadores enquanto um locutor perguntava: “quem quer voto impresso?”. Após o presidente deixar o local, muitos apoiadores permaneceram no local.
Além da multidão de apoiadores, o ato também gerou reações contrárias ao longo de todo o trajeto, com panelaços e palavras de ordem contra o presidente.
A "motociata" teve início pouco depois das 10h quando o presidente passou pelo Parque Olímpico acenando para os apoiadores, muitos com camisa e bandeira do Brasil e aos gritos de "mito".
Grande parte dos motociclistas que acompanharam o presidente era de integrantes de motoclubes, que buzinavam e carregavam bandeiras do Brasil. Na Avenida das Américas, apoiadores esperavam o comboio no canteiro central tirando fotos e acenando.
A concentração de manifestantes provocou o fechamento da Avenida Embaixador Abelardo Bueno, sentido Centro. A CET-Rio auxiliou na organização do trânsito, trabalho que também contou com a Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP) e agentes da Guarda Municipal.
Durante a concentração, também ocorreram protestos isolados contrários à vacinação contra a Covid-19 e gritos para “liberar a ivermectina”, medicamento sem eficácia comprovada para a doença, mas defendido pelo presidente como forma de tratamento precoce.
Dezenas de motos que participavam do evento estavam com a numeração das placas tampadas com adesivos, fita isolante e até máscaras faciais.
Em nota, a Polícia Militar informou que a manifestação passou pela área de quatro unidades da Corporação: Barra da Tijuca, Leblon, Copacabana e Botafogo. Mais de 20 unidades da PM, com cerca de mil homens, foram mobilizadas para fazer a segurança.
O Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) também acompanhou a manifestação. O Batalhão de Vias Expressas (BPVE) monitorou a Linha Amarela, Avenida Brasil, Linha Vermelha e Transolímpica.
No domingo de Dia das Mães, Bolsonaro fez um passeio com motociclistas, em Brasília, que durou duas horas e encerrou no Palácio da Alvorada. O presidente causou aglomerações e, sem máscara, foi cumprimentar apoiadores.
Na ocasião, Bolsonaro disse que o passeio seria repetido em outras cidades. Ele havia citado o Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Segundo o presidente, o ato foi uma demonstração de amor à Pátria.
"É uma demonstração não-política, é uma demonstração de amor à Pátria de todos aqueles que querem paz, tranquilidade e liberdade acima de tudo", declarou o presidente em Brasília, onde também foi recebido pela multidão aos gritos de “mito” e “eu autorizo”.