O prefeito licenciado de São Paulo , Bruno Covas (PSDB), está em "estado irreversível", segundo boletim médico divulgado na noite desta sexta-feira (14). O tucano está internado desde o dia 2 de maio no Hospital Sírio-Libânes e apresentou piora no quadro.
De acordo com o comunicado, Covas "segue internado no Hospital Sírio-Libanês recebendo medicamentos analgésicos e sedativos". "O quadro clínico é considerado irreversível pela equipe médica", diz o boletim.
A nota ainda afirma que o prefeito "encontra-se no quarto acompanhado de seus familiares".
Na última segunda-feira (10), o prefeito iniciou uma nova etapa do tratamento de combate ao câncer que combinava imunoterapia com terapia-alvo, que se trata de um método que reforça o sistema imunológico do paciente e também identifica uma proteína que existe em células cancerígenas e ataca essas células. Nesse mesmo dia, Covas recebeu a visita do governador, João Doria (PSDB). Em postagem nas redes sociais, o prefeito licenciado disse que ambos "colocaram o papo em dia".
Histórico médico
Covas foi internado pela primeira vez em outubro de 2019, quando chegou ao hospital com o que os médicos tinham diagnosticado como erisipela, que acabou evoluindo para uma trombose venosa profunda na perna direita. Os coágulos subiram para o pulmão, causando o que é chamado de embolia.
Durante os exames para localizar os coágulos, médicos detectaram o câncer na cárdia, região entre o esôfago e o estômago, com metástase no fígado e nos linfonodos.
Segundo o Dr. Luiz Henrique Araujo , oncologista, pesquisador do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e assessor médico do Laboratório Progenética - Grupo Pardini, o câncer gástrico , quando em estado metastático, é de difícil reversão.
"O prefeito Bruno Covas foi diagnosticado já com o câncer em estágio IV , com metástase no fígado que, posteriormente, evoluiu para os ossos - o que também pode complicar o quadro", explica.
"Em estágio mais precoce, há a possibilidade de fazer tratamentos agressivos do intuito de cura. A cirurgia é uma das principais alternativas, assim como a quimioterapia, junto a uma estratégia multidisciplinar, que pode envolver rádio e imunoterapia. Mas, quando doença é avançada, são feitos tratamentos a fim garantir qualidade e sobrevida, para que as pessoas consigam continuar trabalhando, com amigos, com família", explica o especialista.
Covas chegou a passar por oito sessões de quimioterapia, que fizeram com que o tumor regredisse. A melhora fez o prefeito evoluir para o tratamento com imunoterapia.
Já em janeiro deste ano, após ser reeleito nas eleições municipais, o tucano anunciou uma nova fase de procedimentos no combate à doença. Ele tirou licença de 10 dias, quando passou a ser submetido a 24 sessões de radioterapia.
Em exames de rotina em abril deste ano, exames apontaram novos pontos de câncer nos ossos e no fígado. Covas, então, acabou sendo internado no dia 2 de maio após ter um sangramento no estômago.
Na ocasião, o prefeito precisou passar por intubação oro-traqueal e teve a hemorragia controlada com medidas de hemostasia, procedimento que consiste na diminuição do fluxo sanguíneo e início do processo de coagulação.
De acordo com boletim médico divulgado pela equipe que cuidava do prefeito de São Paulo no dia 3 de maio, o sangramento foi encontrado por endoscopia. O foco foi o mesmo onde Covas teve seu primeiro tumor.
Um dia antes, nota da Prefeitura informou que Covas tiraria licença de 30 dias "diante da necessidade de dedicação exclusiva ao tratamento médico" contra o câncer.