Momento em que deputada afasta Cury
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Momento em que deputada afasta Cury

O processo do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) contra o deputado Fernando Cury (Cidadania), acusado de importunação sexual contra uma parlamentar durante uma sessão , entra em sua fase final nesta quarta-feira (03).

Pela manhã, o deputado Emídio de Souza (PT) vai apresentar seu relatório. Os últimos dias foram marcados por negociações para tentar chegar a um acordo prévio sobre qual a punição mais adequada ao deputado.

A hipótese de cassação do mandato de Cury é pouco provável, segundo deputados estaduais. Quem acompanha o trabalho da Comissão de Ética, formado por nove parlamentares, acredita que haverá um acordo para sugerir a suspensão do mandato do acusado, por um período que pode variar de três meses a um ano. O relatório precisa da aprovação da maioria do colegiado (seis votos). Se a decisão referendar uma condenação, o caso precisa ser apreciado pelo plenário da Casa.

Deputados argumentam que livrar Lira de uma punição mancharia a imagem da Alesp em razão da repercussão midiática do caso e do fato de Cury ser investigado pelo Ministério Público, além de alvo de um processado de expulsão em seu partido, o Cidadania .

Na sessão de 16 de dezembro, Cury foi filmado passando a mão no corpo da deputada Isa Penna (PSOL). A parlamentar diz que se conforma com a suspensão de Cury, desde que pelo prazo máximo: 12 meses.

"A gente queria a cassação. Mas não vamos nos desencontrar com a realidade política que está ao nosso entorno. Então se eles propuserem a suspensão, que seja a máxima, que seja a maior. Um ano, no mínimo", declarou ela.

Questionado sobre o que espera do parecer nesta quarta (03), Cury respondeu por nota: "A defesa do deputado Fernando Cury já apresentou argumentos e provas para demonstrar que não houve ato de assédio, importunação sexual ou intenção de constranger a deputada Isa Penna. É esperado, assim, um julgamento com isenção, serenidade, proporcionalidade e sem politização".

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Aliados de Penna dizem só ter certeza do voto da colega de bancada Erica Malunguinho, que deve se posicionar pela cassação de Cury. Delgado Olim (Progressistas), Alex de Madureira (PSD), Wellington Moura (Republicanos) e Adalberto Freitas (PSL), que tem reclamado da postura de Penna nas audiências do conselho, não devem optar pela pena mais dura.

Penna diz acreditar que Madureira possa tentar protelar o caso, com um pedido de vista, por exemplo, o que impediria a votação do relatório de Emídio logo após sua leitura. Pouco antes da abordagem que gerou a acusação de assédio , Cury conversava no ouvido de Madureira, que tentou segurá-lo pelo braço ao ver o colega se afastar em direção a Penna.

Tanto Cury quanto Madureira dizem ter conversado naquele momento a respeito da votação que ocorria no plenário, sobre o orçamento do estado. Procurado, Madureira não retornou o contato.

Quem pode decidir a favor de um ou outro lado são os deputados Barros Munhoz (PSB) e Campos Machado (Avante). Veteranos da Casa, eles não estão, contudo, na conta de Isa Penna para um possível voto mais duro contra Cury.

Além da celeridade com que a presidente do conselho, Maria Lúcia Amary (PSDB), tem tratado o caso, outro fato pressiona o colegiado contra o relógio. Em 15 de março, a Alesp escolherá um novo presidente, e com isso todas as comissões, inclusive o Conselho de Ética , serão recompostas. Se não houver uma definição até o dia da última sessão antes da eleição, em 10 de março, o processo pode se arrastar ainda mais.

Ainda que exista a expectativa de algum pedido de vista sobre o parecer, Munhoz afirma ser "frontalmente contrário" ao adiamento da definição do caso.

"Se tiver pedido de vista a gente tem que derrotar esse pedido. O caso, a meu ver, é muito mais simples do que parece. Vamos votar amanhã mesmo", diz ele.

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