Ex-presidente Lula
Ricardo Stuckert
Ex-presidente Lula



A defesa do ex-presidente Lula protocolou, nesta sexta-feira (12), no Supremo Tribunal Federal (STF), uma petição com novas mensagens que mostram procuradores discutindo a necessidade de "atingir Lula na cabeça" para vencer a disputa contra o petista. As informações foram publicadas na coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.

"Pessoal, fiquei pensando que precisamos definir melhor o escopo pra nós dos acordos que estão em negociação. Depois de ontem, precisamos atingir Lula na cabeça (prioridade número 1)", afirmou uma das procuradoras da operação, chamada Carolina Rezende.

A troca de mensagens ocorreu no dia 5 de março de 2016, um dia depois de Lula ser conduzido coercitivamente para depor na Polícia Federal (PF).

Nos diálogos, obtidos pela Operação Spoofing de um hacker que invadiu celulares de autoridades, os procuradores falam ainda que, se tentassem "atingir ministros do STF" naquele momento, poderiam comprar brigas "com todos ao mesmo tempo".

As mensagens, que até esta semana estavam siigilosas para a defesa do petista, foram liberadas após decisão da maioria dos ministros do STF.

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) também aparece como alvo preferencial dos investigadores.

"Para nós da PGR, acho que o segundo alvo mais relevante seria Renan. Sei que vocês pediram a ODE (empreiteira Odebrecht) que o primeiro anexo fosse sobre embaraço das investigações. Achei excelente a ideia mas agora tenho minhas dúvidas se o tema é prioritário e se é oportuno nesse momento", disse a procuradora.

O STF também é alvo de preocupações da operação, como mostram as mensagens. "Não temos como brigar com todos ao mesmo tempo. Se tentarmos atingir ministros do STF, por exemplo, eles se juntarão contra a Lava Jato, não tenho dúvidas. Tá de bom tamanho, na minha visão, atingirmos nesse momento o ministro mais novo do STJ. Acho que abrirmos mais uma frente contra o Judiciário pode ser over (ruim)".

Ainda segundo a petição encaminhada ao STF, a defesa de Lula argumenta que no dia em que o ex-petista foi prestar depoimento na PF, de maneira coercitiva, os procuradores arquitetaram um apoio público à Sergio Moro, que vinha sofrendo algumas críticas pela maneira que conduziu a coerção.

Um dos procuradores afirma que a ajuda era necessária para "não deixarmos um amigo apanhar sozinho". Na sequência, a procuradora Carol completa: "Coitado de Moro. Não ta sendo fácil. Vamos torcer pra esta semana as coisas se acalmarem e conseguirmos mais elementos contra o infeliz do Lula".

A defesa do ex-presidente afirma ainda, baseada nos diálogos, que a Lava Jato "atuava não apenas com o objetivo de devassar e produzir qualquer coisa" contra Lula, como ainda escondia "provas de sua inocência".

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