Ex-presidente Lula
Ricardo Stuckert
Ex-presidente Lula

O ex-presidente Lula orientou o ex-prefeito Fernando Haddad a rodar o país se apresentando como pré-candidato do PT à Presidência da República em 2022. Os dois se reuniram no último sábado e avaliaram que não é possível esperar o julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro, que pode anular as condenações de Lula e devolver os seus direitos políticos.

"O Lula me disse que não há mais tempo e preciso colocar o bloco na rua", afirmou Haddad ao GLOBO.

O ex-prefeito, que em 2018 foi derrotado por Jair Bolsonaro no segundo turno, esteve em Brasília nesta semana para comunicar os seus planos para as bancadas na Câmara e no Senado. O governador da Bahia, Rui Costa, também alimenta o desejo de ser o candidato do PT em 2022, caso Lula fique mesmo fora da disputa.

"Vamos começar a fazer agendas nos fins de semana, claro que com precauções devido à pandemia", acrescentou o ex-prefeito.

Lula está impedido de disputar eleições por causa das condenações na Lava-Jato nos casos do tríplex e do sítio de Atibaia. O Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar nos próximos meses se Moro foi parcial nos processos contra o ex-presidente, como alega a sua defesa. Se as condenações forem anuladas, Lula fica livre para disputar eleições.

Há dúvidas, porém, entre os petistas se o ex-presidente teria realmente disposição de concorrer à Presidência novamente, mesmo que receba o sinal verde do STF. Pesa a idade, 75 anos, e o fato de o atual presidente Jair Bolsonaro aparecer como um candidato forte.

Na quinta-feira, em entrevista ao Uol, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann disse que caso Lula não possa concorrer Haddad aparece como o nome “quase natural”. Ela citou também como possíveis candidatos os governadores Rui Costa, Camilo Santana (Ceará) e Welligton Dias e o senador Jaques Wagner.

Caso se consolide mesmo como candidato, Haddad terá a missão de unir o PT. As divisões do partido ficaram explícitas na eleição para a Presidência da Câmara. A deputada Marília Arraes (PE) decidiu concorrer ao comando da segunda secretaria da Câmara mesmo contra a decisão partidária de indicar José Daniel (SE) para o posto. Figura proeminente do partido, a pernambucana foi acusada de ter construído um acordo de bastidores com Lira. No final, acabou vencendo o colega de partido por 192 a 168.

"A atitude da Marília não foi correta, não foi correta com o partido", afirmou Gleisi.

A presidente do PT acrescentou que o caso da deputada deve ser decidido pelas instâncias partidárias. No ano passado, a direção nacional impôs ao comando do partido em Pernambuco que Marília fosse a candidata petista à prefeitura do Recife. Ela perdeu no segundo turno para o primo João Campos (PSB).

Um dirigente petista avalia que Marília deve sofrer retaliações políticas e não punições previstas no estatuto. A ideia é que o PT não dê apoio a sua pretensão de concorrer ao governo de Pernambuco em 2022, o que abriria caminho para a retomada da aliança com o PSB. Marília nega que tenha traído o partido.

Além desse episódio, o mau desempenho de Baleia Rossi (MDB-SP), que obteve apenas 145 votos na derrota para Arthur Lira (PP-AL), gerou cobranças tanto de petistas que defendiam uma candidatura própria para marcar posição como dos que eram favoráveis a um acordo com Arthur Lira (PP-AL), candidato do presidente Jair Bolsonaro.

"Foi um erro ter se aliado com um derrotado", afirma Washington Quaquá, um dos vice-presidentes nacionais do partido e favorável a uma aliança com Lira.

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