Em live ao lado da candidata à prefeitura do Rio pelo PT, Benedita da Silva, nesta quinta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “se depender do PT e de mim vamos ter uma aliança de toda esquerda” em 2022. O ex-presidente, no entanto, declarou que “as pessoas não podem achar que o PT não pode ter candidato”.
Lula ainda afirmou que o cenário político das próximas eleições presidenciais “já tem vários candidatos” de direita, fazendo referência às movimentações de nomes como o do governador de São Paulo João Doria (PSDB), o apresentador Luciano Huck e do ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro .
"2022 já tem vários candidatos. Mas quem está com dificuldade é a direita, que procura Doria , Moro, Huck. Eu vou te garantir que se depender do PT e de mim vamos ter uma aliança de toda esquerda. Agora, o que as pessoas não podem achar é que o PT não pode ter candidato, porque como que pode o maior partido não ter candidato. Mas se tiver gente em condição de disputar melhor que o PT não tem problema nenhum".
Lula ainda afirmou ser importante entender a importância do lançamento de candidaturas pelos partidos. Segundo o presidente, a decisão representa uma chance de apresentar um projeto político e de disputar uma vaga no segundo turno, quando, então, poderia ser formada uma aliança ampla.
"Todo mundo tem o desejo de construir frente ampla. A gente sempre tentou construir frente ampla sem querer impedir que os partidos tivessem candidato. É muito importante que a gente tenha noção porque os partidos têm que lançar candidato. Dá a chance de colocar o programa, conversar com a sociedade, e tem chance de ir pro segundo turno e fazer uma aliança muito grande".
Nesta terça-feira, conforme O GLOBO mostrou, o ex-presidente e outros dirigentes do partido pressionaram o candidato petista em São Paulo, Jilmar Tatto, a realizar um gesto em favor da candidatura de Guilherme Boulos. Para compensar ocorreria a desistência de Renata Souza (PSOL) em favor de Benedita da Silva (PT) na capital fluminense.
Durante a live, Lula afirmou que adoraria ter visto uma aliança dos partidos, e que esperava um apoio do PSOL carioca, uma vez que Benedita seria vice na chapa do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), que acabou desistindo da candidatura.
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"Eu adoraria estar em uma aliança agora com PSOL no Rio e em São Paulo, e em outros estados, mas é normal que o PSOL e o PT queiram ter candidato", declarou, completando: "Eu gostaria que o PSOL tivesse apoiado a Benedita no Rio porque a Benedita foi vice do Freixo enquanto ele era candidato. Mas não foi possível, paciência. Vou trabalhar com a hipótese que a gente faça qualquer esforço para não deixar que o símbolo do milicianismo possa continuar governando esse país. O Brasil pode não precisar do Lula, da Benedita, mas não precisa de uma figura grotesca como o Bolsonaro governando o nosso país".
“Minha tarefa é mostrar que o Moro é mentiroso”
Ao falar sobre o combate à corrupção no país, o ex-presidente criticou a Operação Lava-Jato.
"O problema é que a Lava-Jato não foi construída para combater o crime, se criou uma força-tarefa e um juiz como o Moro para montar uma quadrilha que agiu politicamente para destruir o PT", declarou, continuando: "Venderam a ideia de que no PT só tinha criminoso, bandido, e na verdade não combateram a corrupção. Todas as pessoas que delataram estão ricas porque fizeram acordo".
Lula afirmou que a força-tarefa é responsável por R$3,5 milhões de desempregos e que, hoje, sua tarefa é “mostrar que o Moro é mentiroso” e que a força-tarefa “era quase uma quadrilha”.
"Você pode combater a corrupção e prender o dono da empresa. O que não pode é acabar com o emprego. Quem é que pagou o pato? 3,5 milhões de trabalhadores. Minha tarefa é mostrar que o Moro é mentiroso, que era quase uma quadrilha aquela força tarefa de Curitiba. Eu sei que eu sou inocente, mas eles não têm garantia da inocência deles".
Questionado sobre a polarização política do país, o ex-presidente afirmou que hoje o Brasil passa por uma “política do ódio” para “destruir a política”. De acordo com Lula, Bolsonaro se aproveitou do sentimento antipolítica, convencendo muitos eleitores em 2018 de que não era político quando, na verdade, construiu uma carreira como deputado federal e vereador.
"Sempre houve polarização. A política é polarizada no mundo inteiro, mas as pessoas viviam dignamente das suas divergências. O que acontece é que estabeleceram uma política de ódio. Passaram a vender o ódio à esquerda e ao PT. Esse ódio faz parte da destruição da política. Depois da política vem Bolsonaro, Mussolini, Hitler. O ódio que você está vendo aqui você viu nas eleições americanas. O Bolsonaro se aproveitou tanto disso que nunca trabalhou na vida. Saiu expulso do Exército, foi vereador, 28 anos como deputado e conseguiu convencer que não era político. Elegeu todos os filhos. Tem caixa dois e diz que não é corrupto. Tem um patrimônio que ninguém do PT tem, mas não é corrupto".