O Ministério Público
do Rio de Janeiro
(MP-RJ) fez o cruzamento dos dados bancários do senador Flávio Bolsonaro
(Republicanos), Fabrício Queiroz
e das funcionárias fantasmas
do parlamentar e descobriu que elas recebiam "mesadas" que iam de R$ 300 a 1,9 mil. As quantias ficavam retidas com elas antes da devolução dos salários no esquema das "rachadinhas" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
(Alerj). As informações são do jornal O Globo
.
No depoimento que Luiza Sousa Paes, ex-assessora de Flávio, prestou ao (MP-RJ), ela admitiu que devolvia mais de 90% de seu salário e ficava com apenas R$ 700 todos os meses do esquema ilegal no gabinete do "01" na Alerj.
Outras funcionárias em situações similares, constatadas através de quebras de sigilo bancário e outras diligências, também relataram acontecimentos parecidos.
Uma das mulheres denunciadas chegou a fazer uma anotação, encontrada em um extrato apreendido, em comemoração à ampliação da parcela não repassada a Queiroz. As defesas de Flávio e Queiroz negam as práticas irregulares apontadas pelo MP.
De acordo com a denúncia, o dinheiro pago pela Alerj a essas três assessoras, todas indicadas como "fantasmas", era devolvido a Queiroz através de operações em espécie que, em geral, seguiam a mesma lógica.
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Os salários e benefícios depositados eram sacados das contas bancárias e repassados ao assessor de Flávio através de depósitos em dinheiro vivo, sem origem identificada. Em menor escala, Queiroz também recebeu transferências bancárias identificadas de integrantes do gabinete.
Luiza ainda citou a personal trainer Nathália Queiroz, filha de Fabrício Queiroz, e Sheila Coelho de Vasconcellos, outra ex-assessora. Os extratos bancários de Nathália mostram que ela retinha R$ 1,1 mil todos os meses. O valor corresponde à diferença entre o que ela recebia mensalmente e o que devolvia ao pai, ainda que os valores pagos pela Alerj tenham variado a partir de trocas de cargos dentro do próprio gabinete. Nathália esteve nomeada entre setembro de 2007 e dezembro de 2016.
Já Sheila, de acordo com as investigações do MP, é mulher de um agente penitenciário com quem Queiroz jogava futebol em um time de Oswaldo Cruz, na Zona Norte.
Ela foi vizinha do assessor parlamentar e, devido à proximidade com o funcionário de Flávio, acabou nomeada no gabinete entre novembro de 2019 e abril de 2016.