Congressistas reagiram negativamente às declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por ele ter comemorado a suspensão dos testes da vacina CoronaVac contra a Covid-19 (Sars-CoV-2), determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Alegando "evento adverso grave", a agência suspendeu os exames do imunizador. Nas redes sociais, Bolsonaro afirmou ter “ganhado mais uma” do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), apoiador da vacina.
A morte de um profissional de saúde voluntário dos testes da CoronaVac para a Covid-19, em São Paulo, deu-se em decorrência de um suicídio. A informação consta em boletim de ocorrência registrado na capital paulista.
Após o episódio, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou requerimento para que o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, prestem esclarecimentos na comissão especial que acompanha ações de combate ao novo coronavírus no País. Para Randolfe, a Anvisa pode ter sido instrumentalizada para cumprir "caprichos" de Bolsonaro.
"Trata-se de mais uma atitude repugnante do Presidente de República. Ele se utiliza da morte de um paciente e da paralisação dos estudos clínicos de uma vacina que pode salvar milhares de vidas para se vangloriar. Dada a atitude do Presidente da República, não podemos descartar que a ANVISA tenha sido instrumentalizada para cumprir os caprichos do Presidente e lhe garantir 'mais uma vitória' às custas da saúde, e das vidas, de todos os brasileiros", disse Randolfe no requerimento.
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou que o Senado deve agir contra a postura adotada por Bolsonaro e pela Anvisa. Para Tasso, a atitude foi "inaceitável".
"Eu não posso deixar de mostrar minha mais profunda indignação diante das declarações do presidente Bolsonaro ao declarar-se vencedor por uma suposição, que uma vacina (salvadora de vidas) fracassou e, uma pessoa supostamente morreu! Sem falar na irresponsável atitude da Anvisa. É absolutamente INACEITÁVEL por parte da presidência da república!!! Nunca esperei ver nada parecido no Brasil! O Senado não pode se omitir."
Líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA), afirmou que o episódio é "absurdo" e gera indignação.
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"O mundo todo na expectativa por uma vacina. O Brasil em luto pelos + de 163 mil mortos pela Covid-19 e o pres. Bolsonaro vem a público comemorar a suspensão feita pela Anvisa da fase 3 da Coronavac. Causa indignação a disputa política quando a prioridade é salvar vidas. Q absurdo", escreveu no Twitter.
O líder do Cidadania na Câmara, Arnaldo Jardim (SP), chamou a declaração do presidente de "inconsequente". Na visão do parlamentar, "Bolsonaro se comporta de maneira antiética e desprezível".
A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), também presidente nacional da sigla, chamou o presidente de genocida.
"Bolsonaro comemora a suspensão da Anvisa dos testes da Coronavac como se fosse disputa política. Diz que ganhou com com 160 mil mortos e 5,4 milhões de infectados? Esse homem precisa ser interditado. Genocida! O que interessa é se a vacina tem eficácia e não origem. Defendemos a saúde do povo!", disse Gleisi.
O senador Cid Gomes (PDT-CE) também criticou Bolsonaro. "O presidente continua a campanha insana de negar qualquer avanço humanitário. Agora, comemora de maneira absurda um eventual fracasso na evolução de uma vacina para combater o coronavírus. E sem qualquer pudor", afirmou Cid.
Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, afirma que politização da vacina não vai curar a doença.
"É lamentável o que está acontecendo: politização da vacina que nos livrará do coronavírus. A decência e a saúde exigem prato limpo: dado o que disse o Butantã, que a Avisa se explique. E logo. Revela a motivação política. É o exterminador do futuro."