Estudo mostra que território onde atuam grupos paramilitares supera em quase quatro vezes o das facções do tráfico
Márcia Foletto / Agência O Globo
Estudo mostra que território onde atuam grupos paramilitares supera em quase quatro vezes o das facções do tráfico


Uma operação da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) com o Ministério Público do Rio de Janeiro contra o tráfico de drogas prendeu um pastor candidato a vereador , na manhã desta quinta-feira, dia 29, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Elisamar Miranda Joaquim é apontado como chefe do Complexo do Roseiral e concorria ao cargo público nas eleições municipais de 2020 pelo PDT. Na operação batizada de "Itália", dez mandados de prisão preventiva e 61 mandados de busca e apreensão são cumpridos pelos agentes que seguem nas ruas. Até o momento, três pessoas já foram presas.


A decisão foi proferida pelo juízo da 1ª Vara Criminal de Belford Roxo. Ao todo foram indiciados e denunciados 24 pessoas pelos crimes de associação para o tráfico de drogas e constituição de milícia privada , contra os quais foram expedidos mandados de busca e apreensão. A operação é em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do MPRJ.

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De acordo com as investigações, o pastor Elisamar é irmão de Eliezer Miranda Joaquim, conhecido como Criam, que é o chefe do tráfico na comunidade e continua no comando mesmo de dentro do presídio. O criminoso colocou o pastor para administrar o tráfico e os condomínios na área. Seu imediato, Cremilson Almeida de Souza, vulgo Coroa, foi preso em março deste ano, tendo contra ele 18 mandados de prisão, sendo alguns por homicídios de dois policiais militares e um bombeiro.

Após esta segunda prisão, o líder do grupo resolveu mudar a administração do tráfico de drogas e dos condomínios, colocando o próprio irmão na liderança. O plano de eleger Elisamar era uma estratégia de Criam e da facção criminosa a qual pertencem, a maior do Estado, com objetivo de terem maior penetração e influência nas instituições públicas. Denúncias indicam que ele usava toda a estrutura da associação criminosa para angariar votos, além de ameaçar e oprimir outros candidatos de fazerem campanha na região.

Extorsões e exploração de conjuntos habitacionais

Conforme as investigações da DHC, além de comandar o tráfico de drogas do Complexo do Roseiral, o grupo passou a desempenhar atividades típicas de milícia. Eles extorquem comerciantes , monopolizam a venda de cestas básicas, água e gás, cobram taxa a motoristas de vans para que circulem livremente pela localidade e, principalmente, exploram os moradores de conjuntos habitacionais, mediante a indicação dos síndicos dos condomínios e a cobrança de taxas aos moradores. Caso eles não pagassem, tinham o fornecimentos de água suspenso e poderiam até ser expulsos de suas propriedades.

A ação da organização criminosa foi descoberta por meio de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, quando foi possível identificar o modo de atuação do grupo, que incluía a prática de extorsões e ameaças, além de desvendar a hierarquia de funcionamento da organização, com a identificação das funções exercidas por cada um dos participantes.

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