O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira que o governo irá liberar R$ 134 milhões do Ministério do Meio Ambiente para retomar as atividades da pasta. A decisão ocorre após conflito público entre os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.
"Está resolvida (situação do Ibama), ontem foi acertado, o Tesouro vai liberar recurso que está bloqueado", disse.
Na quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) determinou que brigadistas de combate aos incêndios florestais que atuam no combate a incêndios florestais retornem às suas bases. Segundo o órgão do MMA, a decisão é resultado da “exaustão de recursos” e que o órgão vem enfrentando dificuldades desde setembro por conta da falta de liberação de verbas pela Secretaria do Tesouro Nacional, vinculada ao Ministério da Economia.
Na noite de ontem, Salles criticou publicamente Ramos. Em publicação no Twitter, o ministro marcou Ramos e criticou o que chamou de "postura de #mariafofoca". Salles citou que a colunista Bela Megale, do GLOBO, afirmou que ele "esticou a corda" com a ala militar do governo ao anunciar que o Ibama suspenderia as atividades de combate a incêndios florestais em todo o Brasil.
"@MinLuizRamos não estiquei a corda com ninguém. Tenho enorme respeito e apreço pela instituição militar. Atuo da forma que entendo correto. Chega dessa postura de #mariafofoca", escreveu Salles, na noite desta quinta-feira.
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Na manhã de hoje, Mourão disse que o episódio foi "péssimo" e que Salles deveria ter conversado pessoalmente com Ramos, "não dessa forma".
"Péssimo, isso aí. Vamos conversar e nos entender" disse, acrescentando: "Acho que sim [ele se arrependeu]. Muitas vezes a pessoa reage no calor dos acontecimentos e termina tomando uma linha de ação que é péssima. Se você tem alguma diferença com alguém, se você precisa esclarecer alguma coisa, você vai e conversa pessoalmente, não dessa forma", afirmou.
Mourão afirmou também que, até onde sabe, os dois não tem desentendimentos e ressaltou que as áreas de atuação dos dois são distintas. O vice-presidente, que também é presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, afirmou que não houve cortes de recursos no meio ambiente.
Em seguida, lembrou que parte do recurso destinado à proteção do meio ambiente foi definida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), quando destinou verbas recuperadas pela Operação Lava-Jato à área. Essa verba, apesar de ter ido aos estados da Amazônia Legal, foi contabilizado no teto de gastos do MMA, o que teria impossibilitado os repasses ao ministério.
"O meio ambiente entregou esse recurso no começo do ano. Pelo problema do teto de gastos, ao recurso passar por dentro do orçamento, ele impactou o orçamento do ministério do meio ambiente. O Salles vem desde julho, na reunião que tivemos do conselho, ponderando que o tesouro tinha que liberar o recurso, porque aquele recurso não ficou com ele", explicou Mourão.