O sargento da PM Wainer Teixeira Junior, condenado por chefiar a milícia que domina Maricá, na Região Metropolitana do Rio , conseguiu um habeas corpus, foi solto e quer ser vereador do município. No último dia 2 de março, Teixeira recebeu uma pena de cinco anos e três meses de prisão da juíza Roberta dos Santos Braga, da 2ª Vara Criminal de São Gonçalo, pelo crime de constituição de milícia privada. Apenas três semanas depois, o sargento foi beneficiado por uma decisão do desembargador Roberto Távora, que determinou sua soltura. No fim de julho, o agente, já fora da cadeia, apresentou candidatura a vereador de Maricá pelo PSD.
Na decisão que libertou o sargento, o desembargador citou a pandemia de coronavírus, que estava em seu início no Brasil, e defendeu que o Judiciário deveria, "sem colocar em risco a sociedade ou a boa marcha processual, buscar, dentro dos parâmetros legais, afastar do cárcere aqueles já em condição de ficarem soltos". A decisão foi mantida em agosto pela 7ª Câmara Criminal. Mesmo condenado, ele segue na Polícia Militar, lotado na UPP Chatuba. O agente, no entanto, só pode realizar atividades burocráticas por decisão da Justiça.
Após a soltura, Teixeira entrou em campanha: sua pré-candidatura já tem site oficial e até um slogan, "O respeito voltou! Chama e confia". Aos eleitores, o sargento se apresenta como um "homem de bem": "Meu pai me ensinou a ser homem de bem e transmito isso para os meus filhos através do meu exemplo de vida", diz um texto publicado no site.
Segundo a denúncia do Ministério Público que culminou na condenação do sargento, a milícia comandada por Wainer matou desafetos, traficantes e usuários de drogas para controlar vários bairros de Maricá, como Inoã e Itaipuaçu. Em setembro de 2018, por exemplo, o sargento deu ordem para matar antigos comparsas, “acusando-os de traição por não repassarem o dinheiro arrecadado com a segurança durante a prisão”.
A investigação da Polícia Civil revela que, na época em que passou a chefiar o grupo paramilitar, Teixeira dava expediente uma das unidades do Patrulhamento Tático Móvel (Patamo, no jargão policial) do 12º BPM (Niterói) responsáveis justamente pelo policiamento de Maricá.
A quadrilha também tem o controle de condomínios do programa “Minha casa, minha vida” na cidade. Em março de 2018, cinco jovens foram executados dentro de um dos conjuntos. De acordo com a investigação da polícia, João Paulo Firmino, comparsa de Wainer preso pelos crimes, gritou para moradores antes dos disparos: “Entra todo mundo, aqui é a milícia, vou acabar com a bagunça do condomínio”.
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Além de lucrar com a cobrança de taxas de segurança a comerciantes, a milícia comandada por Wainer também explora o serviço de vigilância e segurança privada: desde 2012, o sargento é dono da empresa Equipe W — uma referência à inicial do seu nome — que presta serviço de “monitoramento 24 horas, câmeras com sensor de presença e alarmes”. De acordo com a investigação, a empresa domina o mercado porque explora suas concorrentes: o grupo “cobra 20% do valor arrecadado por seguranças avulsos em localidades onde a segurança irregular não é fornecida diretamente pela milícia, como Inoã e Itaipuaçu”.
Apesar de se dizer implacável com "marginais", Wainer responde a outro processo, em que é acusado de receber propina do tráfico, quando servia no 7º BPM (São Gonçalo), até 2016. Na época, o sargento era um dos agentes lotados na base da PM no Jardim Catarina, denunciados pelo MP, após investigação da Delegacia de Homicídios (DH) de Niterói, por receber R$ 7,5 mil mensais para deixar de coibir o tráfico.
A pretensão política do sargento não é recente: em 2012, ele foi candidato a vereador em Maricá, mas recebeu 171 votos e não foi eleito. Quatro anos depois, tentou concorrer novamente ao mesmo cargo, mas foi considerado “inapto” pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) por não ter prestado contas de sua campanha anterior. Mesmo sem poder participar do pleito, o rosto do sargento não saiu dos santinhos que circularam pela cidade: cartazes com o rosto do PM, a inscrição “Wainer indica” e candidatos a prefeito e vereador podiam ser vistos em Maricá durante as eleições de 2016. Os dois postulantes indicados pelo agente foram eleitos.
Questionada sobre o motivo de o agente seguir na corporação mesmo condenado, a PM afirmou que "há um procedimento apuratório tramitando na Corregedoria da corporação" contra o sargento. Já o advogado de Teixeira, Daniel Rodrigues da Silva, em nota, afirma que o PM "foi acusado injustamente, o que já restou comprovado ao longo do processo uma vez que não há prova alguma contra o mesmo salvo a citação ao nome do mesmo em ligações telefônicas de terceiros ainda obtidas de forma irregular".
Veja a íntegra da nota:
"O sargento Wainer foi acusado injustamente, o que já restou comprovado ao longo do processo uma vez que não há prova alguma contra o mesmo salvo a citação ao nome do mesmo em ligações telefônicas de terceiros ainda obtidas de forma irregular. Um habeas corpus foi impetrado, e de forma justa na aplicação da Lei e em defesa do Estado Democrático de Direito, o Tribunal de Justiça reconheceu o direito de liberdade do policial. A Delegada da DH de Niterói, a época, Bárbara Lomba, em audiência, afirmou ainda que em momento nenhum pediu a prisão e/ou indicou a denúncia contra o mesmo, ou seja, restou clara a perseguição política ao Policial. No que se refere a chacina do Minha Casa Minha Vida, não há ligação alguma entre o fato e o Policial que nunca foi sequer investigado por tal crime, e há que se destacar que o suposto acusado de ter cometido o crime já foi até absolvido do suposto crime de milícia, assim sendo comprovada mais uma vez a inexistência da suposta milícia da qual o Policial Wainer foi acusado sendo que nunca teve nenhum envolvimento com a ilegalidade, sendo um homem correto, que defende a família, pai de 4 filhos, tendo mais de 20 anos de serviços prestados a sociedade como policial militar e tendo sido homenageado pelo trabalho a frente de uma patamo em Maricá que mediante sua experiência e dedicação baixou os índices de criminalidade em Maricá. Desde que entrou para a política, visando políticas para atender menores carentes e evitar o envolvimento dos mesmos com o tráfico e levantando a bandeira da segurança pública, vem sofrendo perseguição política de pessoas que estão utilizando de acusações falsas para tentar denegrir a imagem do Sargento como político na Cidade onde é conhecido pelas suas ações sociais e seus serviços policiais prestados a Cidade e por sua defesa em favor da família e da segurança pública para os cidadãos maricaenses e hoje no PSD com coligação ao partido do atual Prefeito Fabiano Horta tem uma proposta de parceria para o progresso, crescimento da cidade e combate ao tráfico dando assim tranquilidade esperada pelo cidadão".