O ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles publicou, na noite desta quarta-feira (9), um vídeo no qual aparece um mico-leão-dourado para defender que não há queimadas na Amazônia. No entanto, o animal é endêmico na Mata Atlântica e não é encontrado na floresta amazônica.
"Recebi este vídeo, 'Amazônia não está queimando'..." escreveu o ministro publicando a campanha produzida pela Associação de Criadores do Pará (Acripara).
O vídeo exibe diferentes imagens da floresta, de animais e de populações indígenas. "Você está sentindo cheiro de fumaça? Claro que não!", afirma a produção.
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Ainda segundo a campanha, as queimadas são utilizadas "em sua maioria" por comunidades tradicionais indígenas e pequenos produtores. "Portanto", argumenta o vídeo, "são culturais e de pequenas proporções".
Cientistas, no entanto, apontam o desmatamento ilegal como o principal responsável pelos incêndios na floresta amazônica.
As impressões digitais da ilegalidade — principalmente a grilagem, isto é, o roubo de terras públicas — aparecem na análise de dados de satélite e fundiários realizada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) dos 45.256 focos de calor no bioma Amazônia registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entre 1º de janeiro e 29 de agosto de 2019.
Essas florestas pertencem à sociedade brasileira. São de responsabilidade da União ou dos Estados e ainda não foram destinadas a unidades de conservação, terras indígenas ou outros usos. Como não têm governança definida, se tornam alvos fáceis dos grileiros.
“As florestas públicas não destinadas, federais ou estaduais, ainda carecem de destinação para uma categoria fundiária de proteção como determina a Lei 11.284/2006, conhecida como Lei de Gestão de Florestas Públicas — portanto, por definição, qualquer desmatamento ou fogo que acontece ali é de origem ilegal. Elas somam 63 milhões de hectares, ou 15% da região, e o fogo nestas florestas está geralmente atrelado ao desmatamento resultante de grilagem”, diz a análise do Ipam.