O pedido de afastamento do governador Wilson Witzel, feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) traz detalhes de como funcionavam alguns dos supostos esquemas de corrupção em que o governante do Rio de Janeiro estaria envolvido. Entre eles, loteamento de cargos da Saúde e lavagem de dinheiro.
Segundo delação premiada do ex-secretário de Saúde Edmar Santos, divulgada pelo portal Uol, o governo Witzel teria loteado até 1.800 cargos em hospitais e UPAs de troca de apoio na Alerj. Tal articulação teria começado após pedido do Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC que foi preso nesta sexta-feira (28).
O esquema, semelhante ao utilizado nos tempos dos governadores Sergio Cabral e Luiz Fernando Pezão , disponibilizava vagas que seriam negociadas com "deputados da base do governo, facilitando a aprovação de projetos. Segundo Edmar, "10% dos cargos em UPAs e hospitais podiam ser oferecidos", percentual que não "prejudicaria o funcionamento das unidades.
Ainda de acordo com a publicação, os cargos normalmente eram básicos, como de porteiros, auxiliares de limpeza e de segurança, ou de nível médio, em áreas técnicas. Porém, houve momentos em que posições para médicos e enfermeiros também foram oferecidas.
Lavagem de dinheiro
Já o jornal O Globo aponta que a investigação da PGR identificou o uso de dinheiro vivo por parte de Witzel para pagar contas de alto valor, o que dá indícios de lavagem de dinheiro e também se assemelha ao esquema usado por Cabral.
De acordo com a publicação, agentes da PF encontraram comprovantes de pagamentos durante busca e apreensão no fim de maio. Ao menos sete boletos eram superiores a R$ 1 mil, além de outros em nome da primeira-dama, Helena Witzel.
Para a PGR, os boletos corroboram o relato do ex-secretário de Saúde Edmar Santos, que afirmou ter ouvido do Pastor Everaldo (PSC) que ele recebeu R$ 15 mil de Witzel e estava preocupado com eventuias operações de busca e apreensão.