Poucas horas a pós assumir o cargo de governador em exercício , em função do afastamento de Wilson Witzel , por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o até então vice Cláudio Castro já comandou sua primeira reunião no novo cargo, no Palácio Guanabara, com secretários das pastas de Segurança.
No encontro, que contou com os secretários de Polícia Civil, Flávio Marcos Amaral de Brito, de Polícia Militar, coronel Rogério Figueredo, e de Administração Penitenciária, Alexandre Azevedo de Jesus, o secretário da Casa Civil, André Moura, o comandante-Geral do Corpo de Bombeiros, coronel Roberto Robadey, e o procurador do Estado, Reinaldo Frederico Afonso Silveira, Castro reforçou que manterá os secretários
que estão à frente de cada uma das pastas.
"O enfrentamento ao crime organizado, com planejamento e inteligência, é a principal diretriz da nossa política de segurança. Vamos continuar trabalhando ainda mais integrados para levar paz à população fluminense. Manteremos os comandos das secretarias, que estão fazendo trabalhos com resultados visíveis", disse.
O governador em exercício também pediu para que cada um dos braços continue atuando da forma como estavam antes do afastamento de Witzel. Esta semana, as polícias precisaram intervir numa verdadeira guerra entre facções travada pelo tráfico de drogas no Complexo do São Carlos.
Também investigado
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Apesar de já demonstrar-se à vontade no cargo, Castro , no entanto, também está na mira das investigações do MPF. Segundo a delação premiada do ex-secretário de Saúde Edmar Santos, o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT) e Cláudio Castro montaram uma estratégia para desviar recursos da Alerj sob pretexto de financiar secretarias municipais de Saúde. Esses valores, entretanto, eram direcionados para os bolsos dos deputados estaduais, de acordo com a investigação.
A investigação detectou que foram repassados cerca de R$ 100 milhões dos duodécimos da Alerj para os cofres estaduais. Desse total, foram feitos repasses sem fiscalização e sem critérios objetivos para diversos municípios escolhidos por deputados estaduais aliados. De acordo com a PGR, o governo Witzel não apresentou prestação de contas desses repasses.
Ao solicitar busca e apreensão
contra o vice-governador, a PGR descreve sua participação da seguinte forma: "Presidiu a comissão de acompanhamento dos hospitais de campanha. Em conjunto com ANDRÉ CECILIANO, Presidente da ALERJ, e de WILSON WITZEL, CLÁUDIO CASTRO organizou esquema criminoso que contou com a participação do próprio EDMAR, secretário estadual de saúde na época, dos deputados RODRIGO BACELLAR e MÁRCIO CANELLA, além do secretário estadual ANDRÉ MOURA para desvio, em proveito dos Deputados, de sobras dos duodécimos do Poder Legislativo 'doados' ao Erário estadual a pretexto de financiar as Secretarias Municipais de Saúde".
O advogado de Cláudio Castro esteve no imóvel dele, onde foi cumprida a busca e apreensão, e afirmou que foi pego de surpresa e que vai tomar as medidas necessárias assim que tiver acesso ao processo. À tarde, Castro disse lamentar os acontecimentos na manhã desta sexta-feira (28) e ressalta estar com consciência tranquila e totalmente à disposição para colaborar com as investigações. Em nota, afirma confiar na Justiça e na garantia ao amplo direito de defesa a todos os envolvidos para que os fatos possam ser devidamente esclarecidos para sociedade .
Sobre as acusações da PGR, André Ceciliano se defendeu
em nota:
"O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado André Ceciliano, está acompanhando os desdobramentos da Operação Tris in Idem e seus impactos na governança do Estado do Rio de Janeiro.
Ceciliano desconhece as razões da busca e apreensão em seus gabinetes no prédio da Rua da Alfândega e no anexo, mas está tranquilo em relação à medida. Ele pôs à disposição dos agentes da PF seu gabinete no Palácio Tiradentes, que não estava incluído no mandado.
Ceciliano reitera a sua confiança na Justiça e afirma que está pronto a colaborar com as autoridades e a contribuir com a superação desse grave momento que, mais uma vez, o Rio de Janeiro atravessa. Ele também colocou seus sigilos bancário, fiscal e telefônico à disposição das autoridades."