O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, exonerou nesta quinta-feira (20) o presidente do Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade, Homero de Giorge Cerqueira .
A exoneração
foi publicada no Diário Oficial da União de hoje (21) e ainda não há substituto.
Salles estaria insatisfeito com a atuação do ICMBio no combate às queimadas. Fazendeiros da região também fizeram críticas a Cerqueira quanto à criação de novas reservas.
"No ano passado o ICMBio teve aí querendo nos levar não sei quantos mil hectares de graça. Trezentos mil hectares, criar outra reserva", protestou um fazendeiro, durante um encontro com Salles , em um vídeo publicado nas redes sociais.
Cerqueira, que ocupava o posto desde abril do ano passado, negou que sua exoneração esteja relacionada ao episódio, mas acusou Salles de agir com " ciumeira ".
"O ministro que me exonerou. Ele me chamou e eu disse: 'Não vou sair, estou fazendo o meu trabalho'. Diminuiu a quantidade de desmatamento nas unidades de conservação. Não muito, mas diminuiu. Temos conversado com ONGs , é um diálogo, mas a ciumeira infelizmente impediu... ele pediu para fazer o melhor trabalho nas condições que a gente teve", disse o coronel em entrevista ao GLOBO .
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O militar afirmou que "se expunha muito", algo que incomodaria Salles. O diálogo com organizações não governamentais também não é bem visto pelo ministro, que as acusa de sujar a imagem do Brasil no exterior ao denunciar o avanço do desmatamento e das queimadas.
Cerqueira é o segundo presidente do ICMBio que perdeu o cargo no governo Bolsonaro. O primeiro, Adalberto Eberhard, que tomou posse em janeiro do ano passado, pediu exoneração três meses depois, alegando "razões pessoais".
Sua saída, porém, ocorreu logo após Salles ameaçar abrir um processo administrativo contra servidores do ICMBio que não foram a uma reunião com ruralistas em Tavares (RS), uma das cidades que compõem o território do Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Os servidores não haviam sido convidados para o encontro. Os outros diretores do instituto pediram exoneração, em protesto à saída de Eberhard.
A nomeação de Cerqueira provocou controvérsia, devido à sua pouca experiência no setor. Até então, sua trajetória na área se restringia ao Batalhão da Polícia Ambiental de São Paulo, que comandava há dois anos. Todas as quatro diretorias também foram ocupadas por policiais militares paulistas.
Cerqueira capitaneou uma reforma que centralizou a estrutura do ICMBio, trocando 11 coordenadorias por cinco gerências. Parques nacionais, entre eles o de Brasília, foram colocados na lista de privatizações .
Na semana passada, Salles anunciou a reestruturação do Ministério do Meio Ambiente , criando a Secretaria de Áreas Protegidas, terá, entre suas funções, definir estratégias para programas que serão implementados pelas unidades de conservação. Este trabalho já é realizado pelo ICMBio.