Mudanças de foco em redes bolsonaristas no WhatsApp a partir do mês de julho foram identificadas pela empresa Máquina de Soluções, que colaborou com a CPI das Fake News no Congresso . Os grupos teriam passado a destacar mensagens voltadas ao combate à pedofilia, ao mesmo tempo em que atacam, com alegações falsas, pessoas como Felipe Neto.
De acordo com os profissionais, a estratégia consistiria em desviar o foco em conversas de redes sociais sobre as crises no setor econômico e sanitário do país, que conta com mais de 96 mil mortos devido a pandemia do novo coronavírus.
A técnica "problema e solução" foi identificada pela plataforma. O problema da pedofilia teria como solução a ministra Damares Alves .
"Já há alguns dias o tema 'combate à pedofilia' aparece com mais intensidade no universo bolsonarista. Vem criando-se um espantalho de que a esquerda e a mídia liberal progressista teriam a intenção de descriminalizar a pedofilia, sob o argumento de que 'não seria um crime, mas sim uma doença que demandaria tratamento'. Nessa toada, acusam e difamam personalidades por supostamente serem favoráveis ao projeto, como o Felipe Neto , Xuxa e o deputado Marcelo Freixo [PSOL-RJ]", diz o relatório da empresa, ao qual o colunista Rubens Valente, do Uol, teve acesso.
Segundo os dados, os inimigos da rede variam semanalmente. "Ora é o Legislativo, na figura de Rodrigo Maia , ora o STF e seus ministros, todos teoricamente mancomunados com a Rede Globo de televisão e o petismo [alcunha utilizada para definir qualquer ator político mais à esquerda]".
Enquanto isso, as Forças Armadas são postas como "uma instituição santa, a única capaz e ajudar Bolsonaro a depurar os problemas brasileiros".
A empresa Máquina de Soluções estaria acompanhando mais de 200 grupos bolsonristas no WhatsApp desde o primeiro semestre de 2018.