João Doria, governador do estado de São Paulo
Governo do Estado de São Paulo
João Doria, governador do estado de São Paulo

O governador de São Paulo João Doria desejou nesta quarta (8) que o presidente Jair Bolsonaro "saia dessa situação como uma pessoa melhor do que antes do coronavírus" e "faça uma reflexão sobre suas atitudes e comportamento". Na véspera, Bolsonaro anunciou estar com Covid-19 . O governador paulista também reiterou a obrigatoriedade do uso de máscara no estado "por todos: governador, ministros e presidente da República".

"Desejo que o presidente tenha rápida recuperação e que siga a orientação da medicina. E que ele, por favor, não se esqueça de usar máscara. Máscara protege, principalmente as demais pessoas com as quais ele está convivendo. Desejo que o presidente Jair Bolsonaro saia dessa situação como uma pessoa melhor do que antes do coronavírus. Aproveito também para estender o mesmo desejo de plena recuperação para os 700 mil brasileiros que estão ainda contaminados com a Covid-19", declarou Doria em entrevista coletiva.

Bolsonaro foi amplamente criticado nesta terça-feira, após anunciar seu diagnóstico positivo para a doença, por minimizar a gravidade de seus impactos, fazer propaganda de medicamento sem comprovação científica no tratamento da doença e retirar a máscara em entrevistas com jornalistas.

A tensão entre Doria e Bolsonaro, antes aliados, aumentou desde o início da pandemia. O governador paulista acusa o presidente de não se pautar por evidências científicas na condução federal da pandemia e tem feito críticas contundentes a Bolsonaro:

"Aqui em São Paulo seguimos a medicina e a ciência e a orientação delas é uso da máscara sempre. A máscara é obrigatória no estado desde 5 de maio e essa orientação deve ser seguida em SP por todos, mesmo quem vem de fora: governador, ministros, presidente da República, todos. Aqui, perante a lei e perante a vida, todos são iguais", afirmou Doria nesta quarta.

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Doria lamentou também os vetos de Bolsonaro a leis que visam fortalecer o combate a pandemia através do uso obrigatório de máscaras em locais públicos e presídios.

"A proteção de vidas não se faz por decisões ideológicas, pessoais, populistas ou personalistas. A ciência é a mesma em SP, em Brasília e em qualquer país do mundo. Volto a afirmar que torço pela recuperação do presidente, mas espero que o presidente faça uma reflexão sobre suas atitudes e comportamento e saia recuperado e melhor da Covid-19."

Membros do Comitê de Contingenciamento de São Paulo também comentaram as declarações de Bolsonaro sobre o uso hidroxicloroquina em seu tratamento.

"O Centro de Contingência e Conselho de Secretários Municipais de Saúdes tem diversas notas técnicas que contra indicam o medicamento em casos leves, porque não há evidência da eficácia e há risco de efeitos colaterais sérios. Está disponível na rede estadual para uso em casos excepcionais, quando há indicação e decisão do médico e paciente", disse Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 em São Paulo.

O médico João Gabbardo dos Reis, secretário-executivo do Centro de Contingência paulista e ex-membro do Ministério da Saúde alertou que o remédio pode ser usado, com prescrição médica, de acordo com o Conselho Federal de Medicina. Mas lamentou a politização acerca do debates sobre a cloroquina.

"Temos acompanhado grupos de médicos favoráveis ao uso precoce de forma preventiva e eles fazem lista com 100 ou 150 médicos, como se isso fosse representativo da categoria, e têm pressionado gestores e governantes para implementarem este protocolo. Mas não somos favoráveis ao uso como tem sido, infelizmente, preconizado por esses profissionais. Este assunto tem se afastado da discussão científica para se tornar política", lamentou Gabbardo.

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