Procurador da República e coordenador da Força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol
Rodolfo Buhrer/La Imagem/Fotoarena/Agência O Globo
Procurador da República e coordenador da Força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol

Após a Lava Jato ser alvo de críticas da Procuradoria-Geral da República (PGR), o procurador Deltan Dallagnol usou as redes sociais, neste domingo, para dizer que todos os membros da operação “têm os mesmos direitos, deveres e proteções dos demais do Ministério Público para assegurar um trabalho independente”.

A fala de Dallagnol não é sem razão e ocorre depois de que o procurador geral Augusto Aras disse, por meio de nota, que a Lava Jato "não é um órgão autônomo e distinto do Ministério Público Federal" e que não pode se tornar "instrumento de aparelhamento".

Aras se referia ao gesto de demissão coletiva de três procuradores que atuavam no grupo de trabalho da Lava-Jato na PGR. A debandada dos três membros do MP ocorreu por conta de discordâncias com a coordenadora do setor, a subprocuradora-geral da República Lindora de Araújo e com a gestão de Augusto Aras.

O estopim para a demissão foi a visita feita por Lindora à força-tarefa de Curitiba nesta semana na qual, segundo ofício enviado pela força-tarefa à Corregedoria do Ministério Público Federal, ela teria tentado obter acesso a informações sigilosas dos bancos de dados da operação sem realizar o devido procedimento legal.

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O caso foi revelado nesta sexta pelo jornal O Globo e gerou uma crise interna na PGR. Segundo a colunista Bela Megale, os procuradores de Curitiba suspeitam que Aras busca acessar dados da Lava-Jato para atacar o ex-ministro Sergio Moro. Segundo a colunista, o procurador-geral da República também tem interesse nos dados sigiloso da Lava-Jato do Rio, São Paulo.

Nos bastidores, procuradores usavam o termo "quebra de confiança" ao se referir a ação de Lindora. Entre os membros que pediram demissão estão Hebert Reis Mesquita, Luana Vargas de Macedo e Victor Riccely. Eles cuidavam de inquéritos sobre políticos com foro privilegiado no Supremo e na negociação de delações premiadas.

Embora a PGR negue que tenha pedido compartilhamento informal de dados, o clima azedou com os procuradores da Lava-Jato.Um dos pontos que causaram mal estar foi a retomada das negociações para um acordo de delação com Rodrigo Tacla Duran, advogado alvo da Lava Jato foragido da justiça. Duran chegou a acusar o advogado Carlos Zucolotto, que foi padrinho de casamento de Sergio Moro, de pagar propina para obter vantagens em um acordo de colaboração premiada que terminou não se concretizando.

Fiel escudeiro de Dallagnol no grupo da Lava-Jato do Paraná, o procurador Roberson Pozzobon, também se manifestou sobre o caso no Twitter e pregou independência do Ministério Público.

"É óbvio, mas ultimamente até o óbvio precisa ser dito, relembrado, dito novamente: a independência funcional não é um luxo, mas requisito mínimo para que o Ministério Público, por todos os seus integrantes, de 1ª à última instância, possa cumprir seus deveres constitucionais", escreveu Pozzobon.

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