No gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), um episódio envolvendo Fabrício Queiroz, seu ex-assessor na Assembleia Legislativa do Rio investigado pelo caso da “rachadinha”, remonta também a ataques na internet contra adversários políticos. Daquela vez, o alvo foi o professor Pedro Mara.
Em maio de 2017, o então deputado estadual Flávio participou de uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Niterói para discutir um projeto sobre o “Escola sem partido”, bandeira antiga da família Bolsonaro. Nesse debate, além de Flávio, Mara também subiu à tribuna para discursar e, além de duras críticas ao projeto, chegou a dizer: “Não acredito que Bolsonaro é solução para esse país. Ele é parte do problema”.
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Imagens da audiência obtidas pelo GLOBO mostram Queiroz, que acompanhava o chefe, filmando grande parte da sessão e, especialmente, todo o discurso de Pedro Mara, que falou olhando para Flávio.
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Menos de dois meses depois, Flávio denunciou Mara ao Ministério Público pedindo seu afastamento das funções de Educação porque ele possui uma folha similar à da maconha tatuada na parte interna do antebraço esquerdo.
Liberdade de expressão
A acusação foi de apologia às drogas. Flávio ainda gravou um vídeo que foi amplamente compartilhado nas redes sociais com acusações semelhantes a Mara. Ele era professor do CIEP 210, em Belford Roxo, e tinha vencido a eleição para a direção da unidade, mas foi impedido de assumir por um tempo devido ao caso. O MP arquivou o caso e considerou a tatuagem parte do exercício de liberdade de expressão do educador. O episódio, porém, fez com que Mara recebesse ameaças de agressão na internet.
“Tive que sair do estado por 15 dias até a poeira baixar”, desabafou Mara, ao mencionar que a escola fica em um local que tem a presença de traficantes e milicianos. “Esse cara devastou a minha vida (O ex-assessor Fabrício Queiroz). Ele me filmou e, provavelmente, levantou vários dados da minha vida. Não por acaso, um mês e pouco depois o Flávio estava me processando por apologia à maconha”, afirma ele, ao dizer que sua vida nunca mais foi igual depois daquela audiência em Niterói.
Procurado, Flávio Bolsonaro não respondeu.