Barroso critica PGR poder ser nomeado ministro do STF
Barroso diz que sua visão não tem relação com situação atual. Na quinta, Bolsonaro disse que PGR, Augusto Aras, seria uma boa indicação ao STF
Por Agência O Globo |
Com a ressalva de que não estava falando especificamente de ninguém, e de que defende seu ponto de vista "há muito tempo", o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou tanto a possibilidade de o presidente da República reconduzir o procurador-geral da República ( PGR ), quanto a de nomeá-lo para outro cargo , como a de ministro da Corte. As declarações foram dadas em "live" organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
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Na quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro disse que a atuação do PGR, Augusto Aras , é “excepcional” e sugeriu que ele é um bom nome a ser indicado para o STF caso surja uma nova vaga além das duas que já estão previstas até o fim deste mandato presidencial. Aras também sofre críticas internas na PGR por não ter uma postura mais dura em relação a Bolsonaro.
Barroso afirmou que o mandato de dois anos do PGR é curto. Assim, poderia ser três ou quatro anos, sem possibilidade de recondução, e sem coincidir com o mandato presidencial. Segundo ele, a recondução e a nomeação para outro cargos, como o de ministro do STF, são falhas do desenho institucional do Ministério Público que precisam ser consertadas.
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"Ambas as possibilidades são a meu ver incompatíveis com a independência, porque a recondução evidentemente pode gerar a tentação de agradar. Eu acho isso há muito tempo. Portanto não estou falando isso nem 'ratione personae' [em razão da pessoa], nem tem nenhuma relação com o momento atual. Mas acho que quem tem que ser independentemente não pode ser reconduzido", disse Barroso .
Pouco depois, afirmou: "E não pode ser indicado por quem o nomeou procurador-geral da República para outro cargo, qualquer que seja, inclusive ministro Supremo, porque isso também pode ter reflexo sobre a independência".
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O ministro do STF defendeu a lista tríplice para a escolha da PGR. Os ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer sempre escolheram alguém da lista elaborada pela ANPR, a partir dos votos de seus associados. Mas eles não eram obrigados a fazer isso. Tanto que Bolsonaro escolheu Aras, que não participou da disputa interna.