O Ministério da Saúde cancelou a tradicional entrevista coletiva realizada diariamente pela pasta para atualizar as medidas de combate à Covid-19
no Brasil. O cancelamento foi confirmado nesta quarta-feira (13) pouco menos de 10 minutos antes da entrevista começar.
Segundo a equipe de comunicação do ministério comandado por Nelson Teich , o motivo do cancelamento é o aguardo da pasta para "a pactuação da estratégia de gestão de riscos junto a estados e municípios". Essa estratégia foi anunciada por Teich na segunda-feira (11) e mais detalhes seriam divulgados hoje.
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Entre as diretrizes dessa estratégia está a criação de cinco categorias de isolamento social para recomendar aos estados e municípios. Essa recomendação será formulada com base em um questionário do Ministério Saúde que ficará a critério dos estados e municípios de respondê-lo.
O questionário terá uma série de perguntas sobre temas como a diminuição de incidência de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), de notificações de síndrome gripal e de Covid-19, além da ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
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O cancelamento da entrevista se dá em meio a um aumento cada vez maior das mortes e casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). De acordo com dados divulgados nesta terça-feira, o número de óbitos no Brasil chegou a 12.400, com um recorde diário de 881 novos registros em 24 horas. Já o número de infecções subiu para 177.589.
Na segunda, Teich foi pego de surpresa pela decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de incluir salões de beleza, academias e barbearias nas atividades essenciais para a economia durante a pandemia, o que levantou a possibilidade de o ministro estar passando por um processo de fritura.
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Questionado por jornalistas, Teich ficou sabendo do decreto pela imprensa e disse que a liberação não passou pelo Ministério da Saúde. "Isso aí... Saiu hoje [segunda] isso?”, questionou o ministro. "Não passou pela gente. A decisão de atividades essenciais é definida pelo Ministério da Economia", completou ao consultar o secretário-executivo Eduardo Pazuello.
Um dia depois de o decreto ter sido publicado no Diário Oficial da União, Bolsonaro disse que o Ministério da Saúde não tem normas que definam a medida para a flexibilização das atividades econômicas.
"Está escrito lá [no Diário Oficial da União]: seguindo norma do Ministério da Saúde. Se não tem norma, faz", afirmou o presidente durante um passeio à rampa do Palácio do Planalto.
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Por meio de nota, o Ministério da Saúde disse que a estratégia de gestão de risco tem sido debatida com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
O objetivo, segundo a pasta, "era ter um plano construído em consenso. No entanto, esse entendimento não foi obtido nas reuniões conduzidas até o momento".
"Devido a complexidade de organização de orientações para um País continental, observando as diversas realidades locais e cenários diferenciados em relação ao Covid-19, a discussão entre Ministério da Saúde, Conass e Conasems sobre diretrizes será aprofundada", diz o comunicado.