De acordo com levantamento realizado pelo jornal O Estado de S.Paulo
, a maioria dos deputados diz que apoia a destinação dos recursos do fundo eleitoral, o chamado 'fundão', para combater os efeitos da pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2). A alteração da finalidade dos recursos destinaria os R$ 2 bilhões que iriam para o custeio das eleições municipais para a saúde.
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A enquete com deputados feita pelo Estadão nos últimos 20 dias mostra que pelo menos 264 parlamentares votariam a favor de projeto alterasse o fim do dinheiro do fundo eleitoral diante da situação emergencial provocada pela Covid-19.
Segundo a apuração, 94 deputados não foram encontrados para opinar sobre o uso do ' fundão ' contra o novo coronavírus. 11 projetos de lei apresentados desde o mês passado propõem o uso do dinheiro para combater a pandemia. Para que Fundo Especial de Financiamento de Campanha seja transferido para a Saúde, basta que um desses projetos seja aprovado com maioria simples.
A possibilidade de adiamento das eleições municipais deste ano estão em discussão, apesar de ainda não haver um debate oficial sobre a questão. O primeiro turno das eleições está marcado para 4 de outubro.
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A alteração da finalidade dos recursos ainda não foi votada porque Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, não colocou nenhum dos 11 projetos em pauta. Para Maia , a utilização do recurso está prevista na "PEC do Orçamento de guerra", aprovado por deputados e senadores deste mês. Na prática, porém, a PEC não cita o dinheiro que paga as campanhas eleitorais, apesar de citar, sim, fundos públicos.
Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, diz que é "demagogia" fazer questão de usar os recursos das eleições, já que as medidas anunciadas pelo governo destinam R$ 568 bilhões para a Saúde, então não seria preciso usar também o fundo eleitoral, segundo ele.
Segundo o Estado , os únicos partidos que definiram suas posições e fecharam questão sobre o uso do fundo eleitoral para a Saude foram as bancadas do Novo, do PV e do Patriota. Os três partidos são favoráveis.
Zé Carlos (PT-MA), deputado petista, é contrário e justificou sua posição ao jornal: "Temos outras maneiras de financiar o combate ao coronavírus. Isso é desculpa para a volta do financiamento de campanha com dinheiro privado ", disse.
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Por outro lado, Carla Zambelli (PSL-SP), autora de um dos projetos, diz que isso forçaria as campanhas a serem mais baratas, o que ela enxerga como algo positivo. "Tanto a minha eleição como a do presidente Jair Bolsonaro foram possíveis sem dinheiro do fundo eleitoral. Está provado que uma pessoa consegue se eleger sem esse fundo. É um momento muito excepcional para a população e para o País e esse dinheiro pode fazer falta no combate ao coronavírus", afirmou a deputada.