Bolsonaro e Moro em desfile de 7 de setembro em 2019, quando presidente apoiou o então ministro
Marcos Corrêa/PR - 7.9.2019
Bolsonaro e Moro em desfile de 7 de setembro em 2019, quando presidente apoiou o então ministro

O presidente Jair Bolsonaro postou em suas redes sociais neste sábado (25), um dia após a saída de Sergio Moro do governo, uma foto abraçado com o então ministro durante desfile de 7 de setembro no ano passado, relembrando o apoio dado pelo governo a Moro após as acusações sofridas por ele na Vaza Jato.

O ex-juiz retrucou a acusação de "ingratidão", dizendo que também já apoiou Bolsonaro quando ele foi "injustamente atacado", mas defendeu que "preservar a PF de interferência política é uma questão institucional, de Estado de Direito, e não de relacionamento pessoal".

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Bolsonaro  afirmou que, enquanto os partidos e o Supremo Tribunal Federal (STF) pressionavam Moro após as reportagens divulgadas pelo The Intercept Brasil com parceria de outros veículos de imprensa revelarem trocas de mensagens entre Moro e procuradores da Lava Jato durante as investigações, ele estava abraçado com o então ministro, apoiando-o publicamente.

As reportagens motivaram partidos a pedirem a queda do ex-juiz, mas o governo decidiu apoiar Moro , apesar do efeito sofrido por sua imagem com as mensagens da Vaza Jato . Bolsonaro cita ainda que PT e PDT chegaram a pedir a prisão de Moro.

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Nesse tempo, porém, a relação entre Bolsonaro e Moro  se desgastou, levando à ruptura total desta sexta-feira (24), com o pedido de demissão do ex-juiz e a troca da acusações entre os dois protagonistas do conflito.

O governo sustentava a posição de Moro, um dos seus principais pilares de sustentação, por ser o ministro mais bem avaliado pela opinião pública, até que o presidente decidiu exonerar Maurício Valeixo , o diretor da PF que foi pivô do conflito e havia sido indicado por Moro para o cargo. O então ministro da Justiça e da Segurança Pública resistiu e ameaçou pedir demissão caso a saída de Valeixo fosse confirmada.

O presidente optou por manter sua decisão e demitir Valeixo da PF, e Moro manteve sua palavra, confirmando a saída do governo em entrevista coletiva marcada por ataques a Bolsonaro, que retrucou mais tarde, em coletiva com a presença de boa parte dos ministros.

Incomodado com o presidente e munido de provas, Moro encaminhou mensagens trocadas com Bolsonaro ao Jornal Nacional e provou que um dos motivos que levou o presidente a exonerar Valeixo da PF era sua intenção de proteger bolsonaristas que eram alvo de investigações .

Neste sábado, o ex-ministro também usou rede social para cutucar o outro lado do conflito, antes mesmo da acusação de "ingratidão". Moro compartilhou uma campanha do Ministério da Justiça e da Segurança Público que dizia que " O poder público não é negócio de família ", em ataque direcionado à família Bolsonaro .

Segundo apuração divulgada pelo The Intercept Brasil neste sábado, o que levou Bolsonaro a interferir na PF foi a proteção a Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), seu filho, que é alvo de inquérito no Rio de Janeiro por rachadinha envolvendo seu ex-assessor Fabrício Queiroz e a milícia .

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