O ministro Luís Roberto Barroso , do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou neste domingo (19) os manifestantes que participaram dos protestos a favor de uma intervenção militar no Brasil e o fechamento dos poderes Legislativo e Judiciário. Houve uma carreata que pediu a instauração de um AI-5 , ato institucional que endureceu mais ainda a repressão durante a ditadura.
"Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso", escreveu Barroso no Twitter.
Apesar das críticas, Barroso, que foi eleito na semana passada presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não comentou a participação de Jair Bolsonaro (sem partido) no protesto nem suas falas contra o Congresso.
Durante a manifestação, o presidente chegou a subir na caçamba de uma caminhonete, em frente ao quartel-general do Exército em Brasília, e discursou para manifestantes . Sua fala fez uma aglomeração se concentrar à sua frente.
"Nós não queremos negociar nada. Nós queremos ação pelo Brasil", declarou o presidente, que participou, pelo segundo dia consecutivo, de manifestação em Brasília, causando aglomerações. "Chega da velha política. Agora é Brasil acima de tudo e Deus acima de todos", afirmou.
"Todos têm que ser patriotas, acreditar e fazer sua parte para colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder. Mais que direito, vocês têm a obrigação de lutar pelo país de vocês", completou Bolsonaro.
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Em determinado momento do discurso, ele tossiu várias vezes e levou a mão à boca. Desde que a crise da Covid-19 chegou ao Brasil, Bolsonaro tem dito que não pegou a doença. Eles fez dois exames para verifificar se estava contaminado e ambos deram negativo, mas ele não divulgou os resultados.
O ministro Gilmar Mendes, também do Supremo, também usou o Twitter para se manifestar. Ele republicou o comentário feito por Barroso e fez uma nova publicação dizendo que a volta ditadura "é rasgar o compromisso com a Constituição".
Já o ministro Marco Aurélio disse que o ato é uma atitude de "saudosistas inoportunos". "Tempos estranhos! Não há espaço para retrocesso. Os ares são democráticos e assim continuarão. Visão totalitária merece a excomunhão maior. Saudosistas inoportunos. As instituições estão funcionando."
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, foi outro que usou as redes sociais para se posicionar. Em um tuíte, ele disse que Bolsonaro "atravessou o Rubicão" após discursar aos manifestantes que pediam intervenção militar e o fechamento do Congresso Nacional.
A expressão faz referência a um "caminho sem volta" e sua origem remonta a ato do general Júlio César que, em 49 a.C, atravessou o Rio Rubicão, na Itália, violando proibição do senado romano.
"A sorte da democracia brasileira está lançada, hora dos democratas se unirem, superando dificuldades e divergências, em nome do bem maior chamado LIBERDADE!", escreveu Santa Cruz.