Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM)
Agência Brasil/Marcello Casal JR
Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM)

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou, em entrevista exclusiva ao Fantástico na noite do domingo (12), que espera unidade no combate ao novo coronavírus (Sars-Cov-2). Na semana em que chegou a limpar as gavetas e quase deixar o cargo por divergências com o presidente Jair Bolsonaro, o ministro disse que a divisão de estratégias no combate ao vírus gera “dubiedade”.

"Não há ninguém contra nem a favor de nada. O nosso inimigo é o coronavírus", afirmou Mandetta . "Esse é o nosso adversário, inimigo. Se eu estou ministro da Saúde, é por obra de nomeação do presidente. O presidente olha pelo lado da economia. O Ministério da Saúde entende a economia, entende a cultura e educação, mas chama pelo lado de equilíbrio de proteção, à vida. Eu espero que essa validação dos diferentes modelos de enfrentamento possa ser comum e termos uma ala única, unificada. Por isso leva para o brasileiro uma dubiedade: não se sabe se escuta o ministro, o presidente".

Leia também: Projeção veste Cristo Redentor de médico para homenagear profissionais de saúde

No domingo, dia em que o Brasil chegou à marca de 1.223 mortes por coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, durante uma videoconferência com lideranças religiosas, que o vírus está “indo embora”:

"Temos dois problemas pela frente, lá atrás eu dizia: o vírus e o desemprego. Quarenta dias depois, parece que está começando a ir embora a questão do vírus, mas está chegando e batendo forte o desemprego. Devemos lutar contra essas duas coisas".

Leia também: Bolsonaro afirma que Covid-19 está indo embora em live com líderes religiosos

Você viu?

A declaração foi feita horas antes da entrevista de Mandetta ao Fantástico, na semana em que Bolsonaro estimulou o desrespeito às medidas de isolamento, circulando em Brasília por farmácia, padaria e cumprimentando apoiadores nas ruas.

Mandetta passou o domingo no Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás, cujo governador, Ronaldo Caiado, rompeu politicamente com Bolsonaro por divergências sobre como enfrentar a crise. O ministro avaliou que o pico da doença deve acontecer em maio e junho:

"Em fevereiro, quando fizemos simulações com outros países, fazendo adequações para o nosso clima, mais ou menos sabíamos que chegaria a primeira quinzena de abril com esses números. Desde as primeiras projeções sabíamos que a segunda quinzena de abril e maio e junho seriam de maior estresse para o nosso sistema de saúde. Nós estamos agora vivendo o que dizemos há duas semanas atrás. Se começar novamente a movimentação nós vamos voltar ao início. A gente imagina que maio e junho serão os 60 dias mais duros para as cidades. Não se pode comparar com Espanha, Grécia, Itália. Somos o próprio continente ".

Leia também: Rainha Elizabeth compartilha esperança na Páscoa: "Coronavírus não vai vencer"

Falta de testes

O ministro da Saúde também confirmou a subnotificação de casos no país e ressaltou a importância do isolamento social como uma das estratégias para conter a pandemia.

"Se não fizermos absolutamente nada e tivermos como se nada tivesse acontecendo, se a gente falar vamos todos trabalhar , deixar só quem tem mais de 60 anos em casa, como o país vai lidar com isso?", disse, acrescentando: "O problema é que a gente tem hoje um mercado concentrado e aquecido que não tem teste suficiente para o planeta. Se a gente se comprometer a testar todos os brasileiros, não seria correto frente ao mercado que a gente vê. O planeta inteiro quer o mesmo produto".

Mandetta fez críticas a filas em padarias e mercados. "Quando você vê as pessoas entrando em padaria, entrando em supermercado, fazendo filas uma atrás da outra, encostadas, isso claramente é um equívoco".

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!