Em carta divulgada após uma nova reunião por videoconferência nesta sexta-feira (27), os nove governadores do Nordeste classificaram a iniciativa do governo federal de produzir uma campanha publicitária para enfatizar a necessidade das pessoas voltarem ao trabalho de "verdadeiro atentado à vida".
Os chefes dos executivos estaduais da região ainda cobram respeito por parte do presidente da República e dizem que há uma ausência de coordenação nacional na crise provocada pelo coronavírus. Por causa disso, pretendem avançar na integração com as demais regiões para "salvar vidas e amenizar os impactos negativos sobre a economia".
"Manifestamos nossa profunda indignação com a postura do governo federal, que contraria a orientação de entidades de reconhecida respeitabilidade, como a OMS — que indicam o isolamento social como melhor forma de conter o avanço do Coronavírus — , e promove campanha de comunicação no sentido contrário, estimulando, inclusive, carreatas por todo o país contra a quarentena. Este tipo de iniciativa representa um verdadeiro atentado à vida", afirma um dos itens da carta.
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Os governadores dizem que "com bom senso e equilíbrio, vamos continuar orientados pela ciência e pela experiência mundial, para nortear todas as medidas, diariamente avaliadas, nesta guerra travada contrao coronavírus". "Reiteramos que parâmetros científicos indicam as ações preventivas e protetivas, de intensidade gradual e estágios progressivos ou regressivos, adequando-as sempre à realidade de cada região de nossos estados."
Os comandantes dos estados nordestinos revelam que para embasar as medidas que vierem a tomar solicitarão um pronunciamento oficial do Conselho Federal de Medicina, do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde e da Sociedade Brasileira de Infectologia, além do acompanhamento e orientação do Ministério Público Federal e do Ministério Público dos estados.
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Também se comprometem a manterem abertos ao diálogo, mas cobram o fim dos ataques por parte do presidente.
"De nossa parte, exigimos respeito por parte da Presidência da República, esperando que cessem, imediatamente, as agressões contra os governadores, assumindo-se um posicionamento institucional, com seriedade, sobre medidas preventivas. A omissão em padronizar normas nacionais e a insistência em provocar conflitos impedem a unidade em favor da saúde pública. Assim agindo, expõe-se a vida da população, além de assumir graves riscos no tocante à responsabilidade política, administrativa e jurídica."