No mesmo dia em que o Senado aprovou pela primeira vez na História um decreto de calamidade pública para enfrentar a crise do coronavírus, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou que os parlamentares com poder de decisão brigam por cargos. Em entrevista ao programa do Ratinho, do SBT, Bolsonaro disse que o Legislativo precisa colaborar mais com o Executivo.
O presidente disse ainda que decidiu não lotear o seu governo e que isso atrapalha "muito" a governabildade.
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"Não é fácil você ser presidente da Câmara e do Senado também. Não é um quartel. O meu (governo) é quase parecido com o quartel. Eu escolhi os ministros e dou as diretrizes. Tem disputa, mas acredito que o Legislativo poderia colaborar um pouco mais. Nessa crise (do coronavírus), estão colaborando 100%. Agora, sempre existe por parte de alguns, que decidem dentro do parlamento, a briga por cargos, que tem que deixar de existir", afirmou o presidente
Em tom amistoso, durante o programa, Ratinho pediu as considerações de Bolsonaro em algumas oportunidades sobre a crise do coronavírus. O presidente disse então precisa "dar exemplo", sem fazer qualquer mea culpa em relação à participação de ato contra o Congresso no dia 15 de março, quando havia acabado de voltar do exterior com um ministro infectado pela Covid-19.
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Segundo Bolsonaro, ele foi "convencido a desestimular" as manifestações, mas acabou cumprimentando apoiadores. "Desci para ver o povo e não resisti à tentação", disse o presidente.
Apesar disso, Bolsonaro diz que o Brasil chegou ao "dia D" do enfrentamento ao coronavírus. Ele afirmou que é preciso "alongar a curva da contaminação" para atender aos idosos. Mas avaliou que é inevitável a morte de pessoas nos considerados grupos de risco.
"Vão morrer alguns do vírus? Sim, vão morrer. Se tiver um com deficiência, pegou no contrapé, eu lamento", disse Bolsonaro.
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Perguntado se o país estava em guerra contra o vírus, como o presidente americano, Doanald Trump declarou, Bolsonaro evitou o termo. Mas considerou que Trump "está em ano de eleição, tem que ser agressivo nesta questão".
Sobre o crescimento do PIB, Bolsonaro disse que perguntou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, qual seria a projeção para 2020, mas ele não respondeu. "A projeção era 2%, falei com Paulo Guedes agora e ele não quer falar em projeção", disse.