O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira que, por enquanto, não há intenção de formar uma chapa para a disputa presidencial em 2022 com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, como vice.
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"Por enquanto estou casado com Mourão (atual vice-presidente). Sou sem amante", disse Bolsonaro
. O presidente, no entanto, fez diversos elogios ao ministro e ex-juiz federal. "O Moro está indo bem para caramba também na parte política", afirmou. "Está aprendendo, está ficando um hábil político."
Articulador político do Palácio do Planalto, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, avaliou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que uma dobradinha entre Bolsonaro e Moro seria imbatível na disputa de 2022. "Eu falei para o presidente que, se hoje ele fosse tentar a reeleição, com Moro de vice, ganhava no primeiro turno, disparado", afirmou Ramos, sem mencionar o atual vice, Hamilton Mourão.
O general ponderou que Bolsonaro não enxerga essa possibilidade. "Ele não vê nada disso."
Moro enfrenta resistências para emplacar o pacote anticrime no Congresso Nacional e é alvo de questionamentos no mundo político, mas ainda mantém a popularidade e foi aplaudido em pé na última semana em show do cantor Roberto Carlos, em Curitiba.
As declarações de Bolsonaro foram feitas em frente ao Palácio da Alvorada. O presidente ainda tentou desviar de perguntas sobre possível chapa com Moro: "Não quero saber de política. É um saco a minha vida, cara. Falar para 2022... Eu chego em casa igual a um zumbi".
Bolsonaro chegou a convidar, ironicamente, um jornalista para compor a chapa na próxima disputa presidencial. "Se bem que eu jamais teria um vice barbudo", completou Bolsonaro, arrancando risos de seus apoiadores.
Relação
A relação entre Bolsonaro e Moro teve pontos baixos em 2019. O auge do desgaste entre os dois começou após o presidente anunciar, em agosto, a troca do superintendente da Polícia Federal no Rio por "questão de produtividade". Em nota, a PF contradisse o presidente ao afirmar que a substituição já estava planejada e não tinha "qualquer relação com desempenho".
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Nos dias seguintes, Bolsonaro declarou que "quem manda é ele" e que, se quisesse, poderia trocar o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, nome de confiança de Moro. Internamente, as "ameaças" do presidente foram vistas como uma tentativa de interferência política no órgão responsável por investigações.
Em cerimônias seguintes ao atrito pela interferência na PF, Bolsonaro
e Moro deram sinais de trégua. Na terça-feira, 3, o ministro da Justiça disse que o presidente é "uma pessoa muito íntegra" e que o governo vai "muito bem".